Divisão Estadual de Narcóticos - DENARC

O combate às drogas sempre foi uma das maiores preocupações da Polícia Civil. Ante a premente necessidade de combater o narcotráfico, o Departamento da Policia Civil instituiu a Delegacia Antitóxicos - DATOX. Juntamente com a referida delegacia, para a prevenção e educação sobre drogas, através da RESOLUÇÃO n.º 226 de 17 de março de 1994, D.º n.º 4.230 de 28.03.94, criou o Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE, ambos subordinados à Divisão de Investigações Criminais - DIC.

Em 1997, através do Decreto nº 3.211, de 10 de junho de 1997, do Governador Jaime Lerner, fora criado o Grupo Especial de Trabalho - Força Especial de Repressão Antitóxicos - FERA, subordinado diretamente ao Delegado Geral do Departamento da Policia Civil do Estado do Paraná.

Com o aumento da criminalidade, e consequentemente da demanda de investigação para repressão ao Narcotráfico, o Governo do Estado do Paraná, no âmbito de suas atribuições, através do Decreto n° 2.428, de 9 de agosto de 2000, criou a Divisão de Narcóticos - DINARC, a qual foi inserida na estrutura da Polícia Civil, no nível de execução. Com a criação da Dinarc, a Delegacia Antitóxicos, o CAPE e o FERA, deixaram de ser subordinados da Divisão de Investigações Criminais - DIC e do Delegado Geral, respectivamente, para serem todos subordinados à mesma divisão, ora instituída.

Em 2006, a legislação sobre drogas passou por uma alteração significativa. Motivo pelo qual em 2008, a Divisão de Narcóticos - DINARC passou a ser chamada de Divisão Estadual de Narcóticos - DENARC.

O CAPE e o FERA continuam seus trabalhos, subordinados à DENARC.

A Delegacia Antitóxicos, deixou de ser assim chamada, pois a nova lei de drogas, aboliu quaisquer nomenclaturas diferente do que atualmente chama-se Drogas. A nomenclatura Delegacia Antitóxicos deu lugar à Divisão Estadual de Narcóticos - DENARC, e ainda, aos Núcleos de Repressão ao Trafico Ilícito de Drogas - NRTID. Os NRTID's subordinados à Denarc estão distribuídos em oito cidades distintas, quais sejam: Capital, Região Metropolitana de Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu.

Divisão Estadual de Narcóticos - DENARC
Avenida Getúlio Vargas, 3670
Água Verde - 80240-041 - Curitiba - PR
Localização
41 3270-1700
Email: denarc@pc.pr.gov.br

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE
Rua José Loureiro, 376 - 1º andar
Centro - 80010-000 - Curitiba - PR
Localização
41 3321-1920
Email: cape@pc.pr.gov.br

 

 

Decreto 2428 - 9 de Agosto de 2000
Publicado no Diário Oficial no. 5803 de 10 de Agosto de 2000

Súmula: Instituída a Divisão de Narcóticos - DINARC, no nível de execução da estrutura organizacional do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, itens V e VI, da Constituição Estadual e tendo em vista a Lei nº 8.485, de 03 de junho de 1987,

D E C R E T A :

Art. 1º. Fica instituída a Divisão de Narcóticos - DINARC, no nível de execução da estrutura organizacional do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná, de que trata o item 4 do art. 3º do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 4.884, de 24 de abril de 1978.

Art. 2º. À Divisão de Narcóticos compete:
I - a prevenção e a repressão dos crimes de tráfico ilícito e uso indevido de substâncias consideradas tóxicas que causem dependência física ou psíquica ou de matérias primas ou plantas nativas ou cultivadas destinadas à sua preparação;
II - a prevenção e a repressão das contravenções penais previstas nos artigos 62, 63 e 69 da Lei das Contravenções Penais;
III - a atuação em cooperação e concorrentemente com as unidades congêneres do Departamento de Polícia Federal;
IV - a fiscalização permanente, em regime de cooperação com outros organismos públicos e privados ou sob sua supervisão direta, de locais públicos, frequentados por dependentes e mercadores de drogas perigosas em geral;
V - a colaboração com a Secretaria de Estado de Saúde na fiscalização da medicina e farmácia;
VI - a participação, através do respectivo titular, de conselhos ou outros organismos colegiados ligados à área de drogas perigosas;
VII - a promoção ou participação em programas comunitários destinados a eliminar a disseminação de drogas, seu uso e conseqüências, bem como em campanhas de caráter educacional de orientação e alertamento à utilização ilegal de drogas perigosas;
VIII - a proposição às autoridades superiores da celebração de convênios com entidades públicas e privadas que se destinem ao tratamento de dependentes ou atividades correlatas às áreas de ação da Divisão;
IX - a manutenção do Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE, a que se refere o art. 7º do Decreto nº 3.211, de 10 de junho de 1997, destinado à orientação educacional e de atendimento aos dependentes químicos, preservando e ampliando o museu e a biblioteca especializados;
X - o desempenho de outras atividades correlatas.

Art. 3º. A Delegacia Antitóxicos - DATOX e o Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE, subordinados à Divisão de Investigações Criminais - DIC, bem como o Grupo Especial de Trabalho - Força Policial de Repressão Antitóxicos - FERA, subordinado ao Delegado Geral do Departamento da Policia Civil do Estado do Paraná, passam a integrar a estrutura da Divisão de Narcóticos, ora instituída.

Art. 4º. A Divisão de Narcóticos é composta por:
I - Delegado Chefe;
II - Subdivisão de Repressão Penal;
III - Subdivisão de Inteligência e Informações;
IV - Subdivisão de Apoio Operacional;
V - Grupo Especial de Trabalho - Força Policial de Repressão Antitóxicos - FERA;
VI - Delegacia Antitóxicos - DATOX;
VII - Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE.

Art. 5º. Ao Delegado Chefe da Divisão de Narcóticos compete as atividades constantes da Lei nº 8.485, de 03 de junho de 1987, no que se aplica, e demais responsabilidades constantes do art. 78 do Decreto nº 4.884, de 24 de abril de 1978, que aprovou o Regulamento do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná.

Art. 6º. A Subdivisão Policial de Repressão Penal, composta por unidades operativas, é integrada por policiais especializados na área de drogas perigosas.

Parágrafo único. As Unidades Operativas terão suas atividades e áreas de atuação definidas na forma do art. 17, observadas as disposições dos itens I a V do art. 2º deste Decreto.

Art. 7º. A Subdivisão de Inteligência e Informações compete:
I - a coleta e a análise de informações ligadas a atividades criminosas, definindo-as, quando cabível, a outras unidades;
II - a manutenção de banco de dados e arquivos especializados;
III - a permutação de informações de interesse especifico com entidades particulares e órgãos públicos federais, estaduais e municipais;
IV - o assessoramento, a colaboração e a participação em ações conjuntas com outras unidades policiais de âmbito estadual e federal.

Art. 8º. A Subdivisão de Apoio Operacional abrangerá as atividades de secretaria, informática, almoxarifado, cartórios, dependência prisional temporária e plantão permanente.

Art. 9º. Ao Grupo Especial de Trabalho - Força Policial de Repressão Antitóxicos - FERA compete as atividades constantes do Decreto nº 3.211, de 10 de junho de 1997.

Art. 10. À Delegacia Antitóxicos - DATOX compete as atividades constantes do art. 23 do Regulamento do Departamento da Policia Civil do Estado do Paraná, aprovado pelo Decreto nº 4.884, de 24 de abril de 1978.

Art. 11. Ao Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPE compete as atividades preventivas voltadas à reabilitação de usuários de drogas e à orientação de seus familiares.

Art. 12. A Divisão e suas unidades de execução exercerão suas atribuições concorrentemente com as unidades policiais de base territorial.

Art. 13. Os servidores policiais civis que comporão a Divisão de Narcóticos serão designados por ato do Delegado Geral do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná.

Art. 14. As unidades policiais territoriais de polícia judiciária e do policiamento ostensivo deverão cooperar nas ações prevento-repressivas e informar o resultado de procedimentos investigatórios e apreensão de substâncias tóxicas à Divisão de Narcóticos, objetivando a centralização das informações do consumo de drogas e do narcotráfico.

Art. 15. Poderão ser criados Centros Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPEs, junto às Subdivisões Policiais do Interior, observados os critérios estabelecidos através de ato próprio do Secretário de Estado da Segurança Pública.

§ 1º. Os Centros Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPEs ficarão subordinados administrativamente às Subdivisões Policiais à qual estão afetos territorialmente e tecnicamente à Divisão de Narcóticos - DINARC.
§ 2º. Os Centros Antitóxicos de Prevenção e Educação - CAPEs terão sua organização e funcionamento definidos através de Resolução do Secretário de Estado da Segurança Pública.

Art. 16. Aplicam-se, no que couber, as disposições regulamentares do Decreto nº 4.884, de 24 de abril de 1978, que aprovou o Regulamento do Departamento da Policia Civil do Estado do Paraná.

Art. 17. O Secretário de Estado da Segurança Pública, mediante ato próprio, baixará os atos complementares que se fizerem necessários à operacionalização da unidade instituída por este Decreto.

Art. 18. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

 

 

DECRETO DE ALTERAÇÃO DO NOME DA UNIDADE

DECRETO 3146/2008
Publicado no Diário Oficial Nº 7774 de 30/07/2008

Súmula: Alterada para Divisão Estadual de Narcóticos – DENARC, a denominação da Divisão de Narcóticos – DINARC, do Departamento da Polícia Civil, instituída pelo Decreto n° 2.428, de 9 de agosto de 2000-SESP...

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, inciso V, da Constituição Estadual,
 

DECRETA:

Art. 1º Fica alterada para Divisão Estadual de Narcóticos – DENARC, a denominação da Divisão de Narcóticos – DINARC, do Departamento da Polícia Civil, instituída pelo Decreto n° 2.428, de 9 de agosto de 2000.

Art. 2º Fica instituído o Símbolo da Divisão Estadual de Narcóticos – DENARC, na forma do Anexo a este Decreto.

Art. 3º Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.
 

 

RESOLUÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DA DENARC

RESOLUÇÃO 100/2007 - SESP

O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA, no uso da atribuição legal contida no art. 9º, incisos IX e X, do Decreto 5887, de 15 de dezembro de 2005, bem como a previsão do art. 101, do Decreto n° 4884, de 24 de abril de 1978.

CONSIDERANDO a necessidade de incrementar a atuação policial referente aos delitos ligados ao narcotráfico,
 

RESOLVE

Art.1° CRIAR no âmbito do Departamento da Policial Civil, subordinadas diretamente à Divisão de Narcóticos - DINARC, os Núcleos de Repressão ao Tráfico de Drogas nas cidades de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu e Pato Branco;
PARÁGRAFO ÚNICO. Os Núcleos de Repressão ao Tráfico de Drogas serão compostos por policiais civis e militares que atuaram de forma conjunta.

Art. 2º ATRIBUIR às unidades aqui criadas a competência para centralizar o registro, a investigação, a prevenção e a repressão das ocorrências que envolverem as infrações estabelecidas pela Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006 e promover os respectivos inquéritos policiais no território dos respectivos Municípios.

Art. 3º A estrutura e o funcionamento dos Núcleos de Repressão ao Tráfico de Drogas serão estabelecidos por portaria do Delegado Geral do Departamento da Policia Civil no prazo máximo de 15 dias.

Art. 4º Caberá à Divisão de Narcóticos - DINARC a resposabilidade pela criação e centralização de um banco de dados que conterá as informações produzidas pelos Núcleos de Repressão ao Tráfico de Drogas.

Art. 5º Esta resolução entrará em vidor na data de sua assinatura, ficando revogada a Resolução 905/95 na parte que criou as mesmas unidades aqui referidas.

PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE.

Curitiba, 31 de janeiro de 2007.

 


RESOLUÇÃO 166/2007 - SESP

O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA, no uso da atribuição legal contida no art. 9º, incisos IX e X, do Decreto 5887, de 15 de dezembro de 2005, bem como a previsão do art. 101, do Decreto n° 4884, de 24 de abril de 1978.

CONSIDERANDO a necessidade de incrementar a atuação policial referente aos delitos ligados ao narcotráfico,

RESOLVE

Art. 1º - CRIAR no âmbito do Departamento da Policia Civil, os Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas nas cidades de Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Pato Branco e Curitiba, subordinados administrativa e operacionalmente diretamente à Divisão de Narcóticos - DINARC.

Parágrafo Único - Os Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas atuarão de forma integrada em todo território estadual, sendo compostos por policiais civis e militares, dirigidos por Delegados de Polícia.

Art. 2º - Aos Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas incumbe centralizar o registro de ocorrências, as investigações, a repressão, o planejamento e coordenação de operações referentes aos crimes tipificados na Lei Federal nº 11.343/2006, promovendo os inquéritos policiais nas respectivas circunscrições.

Parágrafo único - Os Delegados de Polícia dos Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas podem avocar ou distribuir aos distritos policiais ou delegacia de policia locais noticias, solicitações, requisições, investigações ou inquéritos policiais referentes aos crimes previstos na Lei Federal 11.343/2006.

Art. 3º - Caberá à Divisão de Narcóticos - DINARC a responsabilidade pela criação e centralização de um banco de dados que conterá todas as informações produzidas pelos Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas, inclusive sobre o modus operandi, os suspeitos e os indiciados pela prática dos crimes tipificados na Lei Federal 11.343/2006.

Art. 4º - A estrutura e o funcionamento dos Núcleos de Repressão ao Tráfico Ilícito de Drogas serão estabelecidos por portaria do Delegado Geral do Departamento da Polícia Civil, no prazo máximo de 15 (quize) dias.

Art. 5º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação ficando revogada a Resolução nº 905/95, no que se refere as Delegacias Antitóxicos e nº 100/2007.

PUBLIQUE-SE E CUMPRA-SE

Curitiba, 14 de março de 2007.

Subdivisão de Inteligência e Informações - S.I.I

A Subdivisão de Inteligência e Informações - S.I.I foi criada pelo Decreto nº 2428/2000, em seu art. 4º. Suas atribuições estão pŕevistas no art. 7º do mesmo diploma legal.

Art.7º, do Decreto nº 2428/2000:
I-  a coleta e análise de informações ligadas a atividades criminosas, definindo-as quando cabível, a outras unidades;
II-  a manutenção de banco de dados e arquivos especializados;
III-  a permutação de informações de interesse específico com entidades particulares e órgãos públicos federais, estaduais e municipais;
IV-  o assessoramento, a colaboração e a participação em ações conjuntas com outras unidades policiais de âmbito estadual e federal.

 

Subdivisão de Repressão Penal - S.R.P

A Subdivisão de Repressão Penal - S.R.P, vinculada à Denarc,  foi criada pelo art. 4º do Decreto nº 2428/2000. As atribuições da S.R.P. estão descritas no art. 6º do mesmo diploma legal. Esta subdivisão é composta por unidades operativas, e integrada por policiais especializados na área de drogas perigosas.

 

Subdivisão de Apoio Operacional - S.A.O

S.A.O. (Subdivisão de Apoio Operacional), criada pelo Decreto 2428/2000, em seu art. 4º, com as atribuições elencadas no art. 8º, que abrangerá atividades de secretaria, informática, almoxarifado, cartórios, dependência prisional temporária e plantão permanente

Constituição Federal 1988
- Art. 5, INCISO XLIII, LI
- Art. 200, VII
- Art. 243

Legislação Federal
Codigo Civil, lei 10.406 de 2002
Codigo Penal, Decreto Lei 2848 de 1940
Codigo de Processo Penal, Decreto Lei 3689 de 1941
Codigo de Processo Civil, Lei 5869 de 1973
Codigo de Transito Brasileiro, Lei 9503 de 1997
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069 de 1990

Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006)
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

Decreto Estadual nº 2428/2000
Instituída a Divisão de Narcóticos - DINARC, no nível de execução da estrutura organizacional do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná.

Decreto Estadual nº 3146/2008
Alterada para Divisão Estadual de Narcóticos – DENARC, a denominação da Divisão de Narcóticos – DINARC, do Departamento da Polícia Civil, instituída pelo Decreto n° 2.428, de 9 de agosto de 2000-SESP.

Resolução 100/2007 - SESP
Resolução 166/2007 - SESP

O FERA é um setor especializado na repressão ao tráfico de drogas e subordinado à Denarc, conforme previsão legal do art. 4º, V e art.9º do Decreto 2428/2000.

A efetiva criação e as atribuições do FERA, foram previstas no Decreto 3211/1997, abaixo: 

 

DECRETO nº 3.211 de 10 de junho de 1997

DECRETO nº 3.211 de 10 de junho de 1997, D.º nº 5.020 de 10.06.97 – Instituí o Grupo Especial de Trabalho visando a repressão aos crimes de tráfico ilícito e de uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, em qualquer de suas modalidades.

A VICE-GOVERNADORA NO EXERCÍCIO DO CARGO DE GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso de sua atribuições que lhe confere o art. 87, itens V e VI, da Constituição Estadual,

DECRETA

Art. 1º - Fica instituído no âmbito da Secretaria da Segurança Pública, subordinado ao Delegado Geral do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná, o Grupo Especial de Trabalho, com a finalidade de exercer em caráter permanente as atividades de repressão aos crimes de tráfico ilícito e de uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, em qualquer de suas modalidades. Parágrafo único – São equivalentes para fins deste Decreto as Expressões Grupo Especial de Trabalho ou Grupo Especial.

Art. 2º - O Grupo Especial de que trata este Decreto, integrará a estrutura organizacional do Departamento da Polícia Civil do Estado do Paraná, devendo ser formado por um Delegado de Polícia das classes superiores da carreira, que o chefiará, e por policiais civis, todos especialmente treinados para integrá-lo, a serem designados pelo Secretário de Estado da Segurança Pública.

Art. 3º - Sem prejuízo das atividades semelhantes afetas à Delegacia Anti-Tóxicos, às Delegacias Especializadas e às demais Delegacias de Polícia, com as quais, sempre que possível, desenvolverá ações conjuntas, o Grupo Especial atuará em todo o território do Estado do Paraná.

Art. 4º - O Grupo Especial será formado por uma equipe de campo e uma equipe de apoio.

§1º - À equipe de campo caberá a efetivação das ações e operações policiais especiais de repressão dos crimes de tráfico ilícito e de uso indevido de substâncias entorpecentes, em qualquer de suas modalidades.

§2º - À equipe de apoio caberá a realização das atividades administrativas do Grupo Especial, o intercâmbio de informações com as demais autoridades policiais e entidades privadas, que atuem na prevenção do uso indevido de entorpecentes e terapêuticas dos usuários, no âmbito do Estado e do Pais, com vistas a orientar seus trabalhos, bem como a pesquisa, a coleta e a análise de dados e o planejamento de suas ações e operações.

Art. 5º - As autoridades policiais estaduais, civis e militares, deverão prestar todo o apoio possível solicitado pelo Grupo Especial, visando colaborar para o bom desempenho de suas atividades específicas.

Parágrafo único – O Departamento da Polícia Civil do Estado prestará o necessário apoio técnico-administrativo à consecução das atividades do Grupo Especial.

Art. 6º - O Secretário de Estado da Segurança Pública, por ato próprio, aprovará as medidas administrativas necessárias à implantação e operacionalização do Grupo Especial de Trabalho instituído por este Decreto dispondo sobre a sua organização, onúmero, as carreiras e as classes daqueles que integrarão as equipes que o compõem.

Art. 7º - Fica a Secretaria de Estado da Segurança Pública autorizada a firmar convênios, acordos ou termos de cooperação com Órgãos da Administração Estadual ou do Município de Curitiba, visando sua participação com vistas a dotar o Centro Anti-Tóxicos de Prevenção e Educação – CAPE – , criado pela Resolução n.º 226/94 – SESP junto à Delegacia Anti-Tóxicos – DATOX da Capital de profissionais, habilitados às atividades preventivas que lhe compete, voltadas à reabilitação de usuários e à orientação de seus familiares.

Art. 8º - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Curitiba, em 10 de junho de 1997, 176º da Independência e 109º da República.


 

Centro Antitóxico de Prevenção e Educação - CAPE

RESOLUÇÃO n.º 226 de 17 de março de 1994, D.º n.º 4.230 de 28.03.94 – Cria junto a Delegacia Antitóxicos o “CENTRO ANTITÓXICOS DE PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO – CAPE”.

O Secretário de Segurança Pública, Dr. José Moacir Favetti, no uso das atribuições conferidas pelo art. 9º, inciso IX, do Decreto n.º 2.998, de 19 de maio de 1988, resolve:
I – Criar junto a Delegacia Antitóxicos o “CENTRO ANTITÓXICOS DE PREVENÇÃO E EDUCAÇÃO – CAPE”;
II – A estrutura organizacional e funcional do CAPE, será instituída por Portaria do Delegado Geral do Departamento da Polícia Civil do Paraná.

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA, em 17 de março de 1994 inaugura o Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação – CAPE, foi criado na estrutura organizacional da Delegacia Antitóxicos, pela Resolução n° 226/94, com a finalidade de desenvolver ações no âmbito do atendimento, orientação, encaminhamento e aos usuários de substâncias que determinem dependência física ou psíquica.

Em 09 de agosto de 2000, através do Decreto – lei n° 32.428, o CAPE passa a pertencer à Divisão de Narcóticos – DINARC. Atualmente DENARC (Divisão Estadual de Narcóticos).

O Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação compete todas as atividades preventivas, como apresentação do museu de drogas, – abordando como um dos assuntos principais os malefícios das drogas – palestras em instituições, como empresas, escolas entre outros, distribuição de materiais específicos no combate às drogas, orientação ao dependente químico ou usuário e às suas famílias.

Visa possibilitar ajuda aos respectivos familiares que necessitam de informações e esclarecimentos a respeito do problema da drogadição por parte de seus filhos, bem como a formação de agentes multiplicadores para o combate ao uso de substâncias psicoativas.

Tem por atribuição o relacionamento com o público externo, visando desenvolver programas de prevenção ao uso indevido de substâncias psicoativas; o estabelecimento de convênios com clínicas e comunidades terapêuticas e encaminhamento de dependentes para tais instituições.

O CAPE é formado por uma equipe composta por policiais civis, psicóloga especialista em Dependência Química e Graduandos em Psicologia.

As atividades de prevenção são desenvolvidas através de vários programas, tais como Grupo de Prevenção à Recaída, Grupo de Orientação Familiar, Entrevistas Psicológicas de orientação ao dependente químico e família; Promover através de palestras, a prevenção sobre os malefícios causados pelo uso das drogas; Desenvolver e elaborar projetos que visam o combate ao uso de drogas; Organizar e elaborar material preventivo sobre as drogas.

 

Programa de Prevenção ao Abuso de Drogas
Orienta profissionais da área de prevenção, professores, pais e alunos, para atuarem na prevenção.


Palestras e Conferências
São realizadas geralmente em escolas e empresas, com a finalidade de estimular uma vida sadia, valorizando os aspectos psíquicos, físicos e sociais do ser humano, através da divulgação de conhecimentos e conceitos científicos dos malefícios causados no organismo pelo uso e abuso de drogas.

Palestra 1
Palestra 2
Palestra 3

 

Com relação ao termo prevenção, entende-se como o ato de antecipar-se ou chegar antes. Compreendê-lo é importante dentro do contexto escolar, no sentido de lidar com mais segurança sobre situações envolvendo o uso de drogas, afinal, de acordo com LARANJEIRA (2004, p.9) “poucos fenômenos sociais geram mais preocupação entre pais e professores, custos com justiça e saúde, dificuldades familiares e notícias na mídia do que o uso de álcool e outras drogas”.

São muitas as razões que levam uma pessoa a utilizar álcool, tabaco e demais drogas, tais razões estão ligadas à história e características de cada indivíduo, além disso, existem os chamados fatores de risco, dentre os quais: curiosidade, facilidade de acesso, dificuldade de relacionamento (familiar, social, escolar), falta de limites, intolerância às frustrações.

Devido a existência de modelos distintos como o dicotômico (Médico/Doze passos) onde uma pessoa tem ou não a doença ou dependência, e o Modelo Biopsicossocial que tendem a ver os problemas do álcool numa série contínua e admitir que as pessoas podem deslocar-se em qualquer sentido nessa série, com o passar do tempo.

Enquanto o modelo médico afirma que a solução somente pode ser alcançada através da abstinência total, os defensores do modelo biopsicossocial propõem uma maior variedade de opções de tratamento, que frequentemente inclui a ingestão moderada e outras abordagens de redução de dano.

A prevenção apresenta-se em três níveis:

  • Prevenção Primária: visa diminuir a incidência de uma doença buscando a intervenção antes que surja um problema, ou seja, se dá por meio de educação e informação. É fundamental que este nível de prevenção possa se apoiar nos pais e na escola, e para isso deve haver preparação e informação, evitando que a temática das drogas seja um tabu.
  • Prevenção Secundária: visa diminuir a prevalência do problema-alvo, buscando impedir a progressão do problema uma vez iniciado. Aplicada aos problemas do consumo de drogas, consiste em intervenções para evitar que um estado de dependência se estabeleça.
  • Prevenção Terciária: objetiva diminuir as consequências do uso contínuo e intenso, sendo, em geral, estratégias voltadas para a reabilitação e reinserção social do sujeito. Aplicada às drogas, a prevenção terciária tem como objetivo essencial evitar a recaída, visando a reintegração do indivíduo na sociedade, possibilitando-lhes novas oportunidades de engajamento na escola, na família, no trabalho e nos demais grupos sociais.

 

Referências
Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Cartilha de prevenção ao uso de drogas para professores. Curitiba: CAPE/DENARC, 2009.
LARANJEIRA, Ronaldo. Prefácio. PINSKY, Ilana; BESSA, Marco Antônio (Orgs). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, 2004.

A dependência química está classificada entre os transtornos psiquiátricos, sendo considerada uma doença crônica que pode ser tratada e controlada simultaneamente como doença e como problema social, (OMS, 2001). Por se tratar de uma doença crônica leva a pessoa a uma progressiva mudança de comportamento, gerando uma adaptação a doença, a fim de proteger o uso da droga. Ainda na concepção da dependência química como doença, ela é caracterizada como progressiva, incurável, mas tratável, apesar de problemas significativos para o dependente. É uma doença de evolução própria, que pode levar à insanidade, prisão, morte ou ao tratamento.

 

O dependente químico

“Antes de descobrir nas drogas a fonte ideal de alívio necessário à sensação de desconforto que o persegue, o dependente químico pode ter experimentado e frequentemente abusado de comida, televisão, sexo, trabalho, perigo, jogo, esportes, religião, meditação, etc. No caso dos dependentes químicos, essas dependências foram insuficientes para manter sua necessidade de alívio".

Os prejuízos neurológicos, cognitivos e relacionais causados pelas substâncias são em sua maioria irreversíveis, progressivos e passam despercebidos pelo indivíduo. Os danos físicos e sociais quando percebidos impulsionam, ainda mais, o dependente químico a uma insaciável busca pelos efeitos da droga (SILVA, 2000, p.14).

A necessidade de buscar constantemente a droga altera a vida do dependente afetando as relações familiar, social e profissional, trazendo para o indivíduo um intenso sofrimento físico e emocional. Assim, o tratamento da dependência química envolve o indivíduo e toda sua rede social afetada (LEITE, 2000).

De acordo com Cunha (2006, p.35) os dependentes químicos apresentam comportamentos com características próprias entre estas, se destacam:

  • Onipotência: o indivíduo acredita estar sempre no controle;
  • Megalomania: tendência exagerada a crer na possibilidade de realizar um intento visualizando sempre o resultado;
  • Manipulação: mentalidade de que tudo se faz pela realização de seus desejos, principalmente pela obtenção e uso de substâncias psicoativas;
  • Obsessão: atitudes insanas pelo desejo de consumir drogas;
  • Compulsão: atitudes desconexas, incoerentes com a realidade provocadas pelo desejo intenso e necessidade de continuar a consumir a substância;
  • Ansiedade: necessidade constante da realização dos desejos;
  • Apatia: Falta de empenho para a realização de objetivos e metas;
  • Autossuficiência: mecanismo de defesa usado para afastar da consciência os sentimentos de inadequação social gerando uma falsa sensação de domínio;
  • Autopiedade: um tipo específico de manipulação que o dependente usa para conseguir realizar algum propósito;
  • Comportamentos antissociais: repertório comportamental gerado pela instabilidade emocional que o indivíduo desenvolve sem estabelecer vínculos tendo sua imagem marginalizada pelo meio social;
  • Paranoia: desconfiança e suspeita exagerada de pessoas ou objetos, de maneira que qualquer manifestação comportamental de outras pessoas é tida como intencional ou malévola.

É comum que aconteçam nas famílias com dependentes químicos brigas, separações, uma vez que o usuário sob o efeito da droga, tem o pensamento somente voltado ao uso e obtenção da droga, o que traz perdas significativas na vida deste, como: perda do emprego, bens, prejuízos para a saúde e quebra de relacionamento com a família. Por este motivo o apoio da família é fundamental para a adesão do tratamento da dependência química por parte do usuário.

 

Tratamento e Recuperação

Conhecer o perfil do dependente químico que busca auxílio em unidade de recuperação é importante para a elaboração de estratégias de tratamento buscando a integração desses indivíduos à família e a sociedade. A falta de acolhimento e isolamento imposto pela família e pela sociedade faz com que o dependente químico deixe de procurar atendimento.

O tratamento consiste em parar de usar a droga e se manter em abstinência. O processo terapêutico depende da vontade do paciente e pode ser realizado em ambientes como clínicas, comunidades terapêuticas e hospitais especializados.

A recuperação envolve reabilitação, reaprendizagem ou restabelecimento da capacidade de manter um estilo de vida positivo. As metas de recuperação prevalecem às mesmas para todos: Aprender ou reaprender a ter estilos de vida positivos em que as drogas não se façam presentes. A recuperação envolve ainda a mudança do modo como os indivíduos percebem a si mesmo no mundo, ou seja, sua identidade.

 

Referências

DENARC-Divisão Estadual de Narcóticos.

Leite M. C. Aspectos básicos do tratamento da síndrome de dependência de substâncias psicoativas. Brasília: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria Nacional Antidrogas. 2000 (p.14)

OLIVEIRA. Helena. Maria. – Dependência Química (2014) psicologado.com/atuacao/psicologia-comunitaria/dependencia-quimica Acesso em 02/10/14

Silva, Ilma. Ribeiro., Alcoolismo e Abuso de Substancias Psicoativas: Tratamento, prevenção e educação. São Paulo: Vetor, 2000.


 

Drogas

Droga é o nome genérico dado a todos os tipos de substâncias, naturais ou não, que ao serem ingeridas provocam alterações físicas e psíquicas.

Exemplos de drogas

 

O termo droga teve origem na palavra droog, proveniente do holandês antigo, cujo significado é folha seca. Esta denominação é devido ao fato de que, antigamente, quase todos os medicamentos terem vegetais em sua composição. Atualmente, a terminologia droga, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), se refere a toda substância que, pela sua natureza química tem a propriedade de afetar a estrutura e produz alterações no funcionamento do organismo.

As drogas que atuam diretamente no funcionamento do sistema cerebral e causam modificações no estado mental são chamadas de drogas psicotrópicas. A terminologia psicotrópico é composto por duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao psiquismo, que abarca todas as funções do Sistema Nervoso Central (SNC), e trópico significa ter atração por, em direção a. Portanto, drogas psicotrópicas, são aquelas que atuam diretamente sobre o cérebro, alterando de alguma maneira o psiquismo. As drogas psicotrópicas, também conhecidas por substâncias psicoativas e dividem-se em três grupos: drogas depressoras do SNC; drogas estimulantes do SNC; drogas perturbadoras do SNC.

As drogas depressoras do SNC – álcool, barbitúricos, benzodiazepínicos, inalantes e opiáceos – essas drogas diminuem a atividade cerebral, fazendo com que o organismo funcione lentamente, reduzindo a atividade psicomotora, a atenção, concentração, a capacidade de memorização e intelectual.

As drogas estimulantes do SNC – anfetaminas, cocaína e tabaco – essas drogas aceleram a atividade cerebral, fazendo com que o usuário fique “ligado”, trazendo como consequência um estado de alerta exagerado, insônia, sentimento de perseguição e aceleração dos processos psíquicos.

As drogas perturbadoras do SNC – maconha, alucinógenos, LSD, ecstasy e anticolinérgicos – essas drogas distorcem e modificam qualitativamente a atividade cerebral, pois o usuário tem delírios, alucinações e alterações sensopercepção (efeito sinestésico), por estes motivos também são chamados de alucinógenos.

É importante ressaltar que os usuários dessas drogas podem ser classificados de acordo com o padrão de consumo em: experimental, ocasional, usuários de abuso e usuários crônicos. Em geral, as drogas possuem elevada capacidade de causarem dependência química, física e psicológica no indivíduo, podendo levar à morte.

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica, pois atua no sistema nervoso central, provocando mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência. O uso do álcool tem seu consumo admitido e até incentivado pela sociedade e esse é um dos motivos pelos quais ele é encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas. Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas, quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo. Dessa forma, o consumo inadequado do álcool é um importante problema de saúde pública, especialmente nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos para a sociedade e envolvendo questões médicas, psicológicas, profissionais e familiares.

 

Efeitos agudos

A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora. Sendo que o álcool ingerido vai diretamente para o estômago, onde uma pequena porção é absorvida, após vai para o intestino delgado onde também é absorvido. Em ambos os casos o álcool atravessa as paredes e alcança, rapidamente, a corrente sanguínea. Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar). Isso ocorre devido o aumento temporário normativo cardíaco e vasodilatação – rubor facial. O consumo de doses elevadas provocam o aumento do fluxo sanguíneo, menor resistência cerebrovascular e uma captação de oxigênio reduzida, com isso começam a surgir os efeitos depressores, como falta de coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.

Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características pessoais. Por exemplo, "indivíduos não tolerantes com a concentração alcoólica de 300 a 500mg% estarão gravemente intoxicados (intoxicação alcoólica aguda), podendo seguir-se de:

  • Estupor,
  • Hipotermia,
  • Hipoglicemia,
  • Convulsões,
  • Depressão dos reflexos,
  • Depressão respiratória,
  • Hipotensão,
  • Coma e
  • Morte.

Os usuários regulares tornam-se tolerantes aos efeitos do álcool sobre o SNC e podem apresentar altos níveis de concentração alcoólica de 500mg% sem sinais óbvios de intoxicação" (FIGLIE, 2004, p. 34).

 

Álcool e Trânsito

A ingestão de álcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a coordenação motora e os reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veículos ou operar outras máquinas. Pesquisas revelam que grande parte dos acidentes é provocada por motoristas que haviam bebido antes de dirigir. Nesse sentido, segundo a Legislação Brasileira (Código Nacional de Trânsito, que passou a vigorar em janeiro de 1998), deverá ser penalizado todo motorista que apresentar mais de 0,6g de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool necessária para atingir essa concentração no sangue é equivalente a beber cerca de 600ml de cerveja (duas latas de cerveja ou três copos de chope), 200ml de vinho (duas taças) ou 80ml de destilados (duas doses).

 

Acidente de carro

 

Acidente de carro

 

Alcoolismo

Como já citado neste texto, a pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo do tempo, pode desenvolver dependência, condição conhecida como alcoolismo. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados, envolvendo aspectos de origem biológica, psicológica e sociocultural. A dependência do álcool é condição frequente, atingindo cerca de 10% da população adulta brasileira.

A transição do beber moderado ao beber problemático ocorre de forma lenta, tendo uma interface que, em geral, leva vários anos. Alguns sinais da dependência do álcool são: desenvolvimento da tolerância, ou seja, a necessidade de beber maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos; aumento da importância do álcool na vida da pessoa; percepção do “grande desejo” de beber e da falta de controle em relação a quando parar; síndrome de abstinência (aparecimento de sintomas desagradáveis após ter ficado algumas horas sem beber) e aumento da ingestão de álcool para aliviar essa síndrome.

A síndrome de abstinência do álcool é um quadro que aparece pela redução ou parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas, após um período de consumo crônico. A síndrome tem início 6 a 8 horas após a parada da ingestão de álcool, sendo caracterizada por tremor das mãos, acompanhado de distúrbios gastrintestinais, distúrbios do sono e estado de inquietação geral (abstinência leve). Cerca de 5% dos que entram em abstinência leve evoluem para a síndrome de abstinência grave ou Delirium tremens que, além da acentuação dos sinais e sintomas anteriormente referidos, se caracteriza por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no tempo e no espaço, em outras palavras, complicações físicas, complicações psiquiátricas e complicações sociais.

 

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças, as mais frequentes são as relacionadas ao fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e cirrose). Também são frequentes problemas do aparelho digestório (gastrite, síndrome de má absorção e pancreatite) e do sistema cardiovascular (hipertensão e problemas cardíacos). Há, ainda, casos de polineurite alcoólica, caracterizada por dor, formigamento e cãibras nos membros inferiores.

 

Durante a Gravidez

O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer consequências para o recém-nascido, e quanto maior o consumo, maior o risco de prejudicar o feto. Dessa forma, é recomendável que toda gestante evite o consumo de bebidas alcoólicas, não só ao longo da gestação, como também durante todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do leite materno.

Cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool, que fizeram uso excessivo dessa droga durante a gravidez, é afetado pela Síndrome Fetal Alcoólica. Os recém-nascidos apresentam sinais de irritação, mamam e dormem pouco, anormalidades morfológicas no rosto e cabeça, além de apresentarem tremores (sintomas que lembram a síndrome de abstinência). As crianças gravemente afetadas, e que conseguem sobreviver aos primeiros momentos de vida, podem apresentar problemas físicos e mentais que variam de intensidade de acordo com a gravidade do caso.

 

Complicações clínicas do Alcoolismo

Em geral, o usuário de álcool procura ajuda médica devido a problemas secundários ao consumo crônico desta substância, cabendo ao clínico geral o primeiro contato com este paciente. As manifestações clínicas estão relacionadas às ações farmacológicas do álcool. Outros fatores de riscos associados: idade, sexo, raça, predisposição genética, estado nutricional, características imunológicas, condição clínica prévia. Efeitos agudos (imediatos à exposição ao álcool); crônicos (relacionados ao consumo repetitivo e prolongado da droga).

 

Complicações físicas do Alcoolismo

Transtornos gastrointestinais; transtorno musculoesqueléticos; transtorno endócrino; câncer; doenças cardiovasculares; doenças respiratórias; transtorno metabólicos; transtornos hematológicos; transtorno no sistema nervoso central e periférico; síndrome fetal Alcoólica; doenças de pele; supressão do sistema imunológico; e alteração do funcionamento sexual.

 

Complicações psiquiátricas do Alcoolismo

Experiência alucinatória temporária; Delirum tremens; convulsões; alucinose alcoólica; transtorno psicótico induzido pelo álcool; intoxicação patológica; blackouts alcoólicos; depressão; suicídio; hipomania; ansiedade; danos no tecido cerebral; ciúmes patológico.

São várias as complicações clínicas, físicas e psiquiátricas associadas ao consumo agudo ou crônico de bebidas alcoólicas. Apesar dos inúmeros riscos advindos da ingestão destas substâncias, é alarmante a frequência e a intensidade do consumo das mesmas por todos os povos em todo o mundo, muitas vezes com propósitos sociais, religiosos, culturais e até mesmo medicinais.

 

Referências

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Cartilha de prevenção ao uso de drogas para pais. Curitiba: CAPE/DENARC, 2009.

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Cartilha de prevenção ao uso de drogas para professores. Curitiba: CAPE/DENARC, 2009.

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

Os esteróides anabolizantes, mais conhecidos com o nome de anabolizantes, são substitutos sintéticos do hormônio masculino testosterona fabricado pelos testículos. Levam ao crescimento da musculatura (efeito anabólico) e ao desenvolvimento das características sexuais masculinas (efeito androgênico); daí também o nome de esteróides anabolizantes androgênicos.

Os anabolizantes possuem vários usos clínicos, nos quais sua função principal é a reposição da testosterona nos casos em que, por algum motivo de doença, tenha ocorrido um déficit.
 

A propriedade dessas drogas de aumentar os músculos tem feito com que atletas ou pessoas que querem melhorar o desempenho e a aparência física utilizem anabolizantes sem necessidade médica, principalmente aquelas que se julgam pequena e se sentem infelizes por essa condição.

Esse uso estético não é médico, portanto é ilegal e ainda acarreta problemas à saúde.

Os esteróides anabolizantes podem ser tomados na forma de comprimidos ou injeções, e seu uso ilícito é iniciado com uma dose menor, aumentada com o tempo, levando os indivíduos a utilizar centenas de doses a mais do que aquela normalmente recomendada em caso de deficiência de testosterona. Essa prática é denominada de pirâmide. Freqüentemente, combinam diferentes esteróides, supondo que a interação de vários anabolizantes produziria um aumento maior da musculatura.

 

Amostra de anabolizantes

Outra forma de uso dessas drogas é tomá-las durante ciclos de 6 a 12 semanas ou mais e, depois, parar por um tempo semelhante e começar novamente. Esse tempo sem droga, acredita o usuário, garantirá ao sistema hormonal recuperar-se.

No Brasil, não se tem estimativa desse uso ilícito, mas sabe-se que o consumidor preferencial está entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo masculino. No comércio brasileiro, os principais medicamentos à base dessas drogas e utilizados com fins ilícitos são: Winstrol®, Androxon®, Durateston®, Deca-Durabolin®. Porém, além destes, existem dezenas de outros produtos que entram ilegalmente no País e são vendidos em academias e farmácias. Alguns usuários chegam a utilizar produtos veterinários, à base de esteróides, sobre os quais não se tem nenhuma idéia dos riscos do uso em humanos.

Alguns dos principais efeitos do abuso dos esteróides anabolizantes são: nervosismo, irritação, agressividade, problemas hepáticos, acne grave (em geral ocorre nas costas e no peito, ocasionando um problema estético sério), problemas sexuais e cardiovasculares, aumento do HDL (forma boa do colesterol), diminuição da imunidade.

Além disso, aqueles que se injetam ainda correm o risco de compartilhar seringas e contaminar-se com o vírus da Aids ou da hepatite.

 

Outros efeitos

Além dos efeitos mencionados, outros também graves podem ocorrer:

  • No homem: os testículos diminuem de tamanho, a contagem de espermatozóides é reduzida, impotência, infertilidade, calvície, ginecomastia (ou desenvolvimento de mamas, que pode necessitar de cirurgia para ser eliminada), dificuldade ou dor para urinar e aumento da próstata.
  • Na mulher: crescimento de pêlos faciais, alterações ou ausência de ciclo menstrual, aumento do clitóris, voz grossa, diminuição de seios. Alguns desses efeitos são irreversíveis, ou seja, mesmo na ausência do anabolizante não há retorno da condição normal.
  • No adolescente: o anabolizante pode provocar maturação esquelética prematura e puberdade acelerada, levando a um crescimento raquítico, provocando estatura baixa.

A variação de humor, incluindo irritabilidade e nervosismo provocados pelo abuso de anabolizantes, pode chegar à agressividade e à raiva incontroláveis. Os usuários podem experimentar ainda, um ciúme doentio, ilusões, podendo apresentar distorção de juízo em relação a sentimentos de invencibilidade, distração, confusão mental e esquecimentos. Podem desenvolver também distorção de julgamento do próprio corpo (dismorfia corporal), tendo a falsa sensação de que estão com a musculatura pouco desenvolvida.

Usuários, freqüentemente, tornam-se clinicamente deprimidos quando param de tomar a droga, até porque perdem a massa muscular que adquiriram; um sintoma que pode contribuir para a dependência. Atletas, treinadores físicos e mesmo médicos relatam que os anabolizantes aumentam significantemente massa muscular, força e resistência. Apesar dessas afirmações, até o momento não existe nenhum estudo científico comprovando que essas drogas melhoram a capacidade cardiovascular, a agilidade, a destreza ou o desempenho físico.

Devido a todos esses efeitos, o Comitê Olímpico Internacional – COI colocou vinte esteróides anabolizantes e compostos relacionados a eles como drogas banidas, ficando o atleta que fizer uso delas sujeito a duras sanções.

Os principais esteróides anabolizantes, em sua grande maioria com uso injetável, são: estanozolol, nandrolona, metenolona, oximetolona, nesterolona, oxandrolona, sais de testosterona e boldenona (uso veterinário). Os mais utilizados no Brasil são: estanozolol (Winstrol®) e nandrolona (Deca-Durabolin®).

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. São Paulo CEBRID, 2007

Plantas: Datura, Lírio, Trombeta, Trombeteira, Cartucho, Saia Branca, Zabumba. Medicamentos: Artane®, Akineton®, Bentyl®

 

Definição e histórico

Em 1866, um médico da Bahia descreveu o seguinte quadro em dois escravos: Fui chamado a visitar estes doentes no dia seguinte às 8 horas da manhã. Já podiam caminhar, mas estavam ainda alucinados, vendo objetos imaginários, fantasmas, ratos a passear pela câmara, de que procuravam fugir se dirigindo para a porta. Ambos tinham as pupilas dilatadas, a boca e faces nada oferecem de notável. Na panela que servia para fazer o cozimento estavam dois ramos com muitas folhas e algumas flores rudimentares, de uma planta que conheci ser trombeteira (Datura Arborea, Lin).

Em 1984, um jovem advogado de São Paulo narrou sua experiência após ingerir chá de saia branca: Os sintomas iniciaram-se cerca de 10 minutos mais tarde com queixas de não enxergar direito, vendo tudo embaraçado e fora de foco. As pupilas ficaram totalmente dilatadas. Seguindo-se alucinações terrificantes, visão de animais e plantas ameaçadoras, cadáveres de índios, pessoas etc. Algumas horas mais tarde relatou que perdeu o pulso e engoliu a língua sendo levado para o pronto socorro.

Ainda em uma manhã de 1989, um menino de rua com as pupilas muito dilatadas descreveu o que sentia após tomar 10 comprimidos de Artane® (medicamento à base de triexafenidila, utilizado para mal de Parkinson, mas usado como droga de abuso devido as suas propriedades em produzir alucinações): via elefante correndo pela rua e rato saindo do buraco, se olhava para o céu via estrelas de dia, tinha visão embaçada, muito medo das coisas, mas achava tudo muito bonito. Conforme se pode ver pelas descrições acima, tanto o chá da planta como o medicamento Artane® foram capazes de produzir dilatação das pupilas (midríase) e alterações mentais do tipo percepção sem objeto (ver ratos, índios e estrelas quando esses objetos não existiam), isto é, alucinações.

O que existe de comum entre a planta trombeteira ou lírio e o medicamento Artane® para produzir efeitos físicos e psíquicos semelhantes? É que duas substâncias (atropina e/ou escopolamina) sintetizadas pela planta e o princípio ativo (triexafenidil) do medicamento produzem um efeito no organismo que a medicina chama de efeito anticolinérgico. E sabe-se que todas as drogas anticolinérgicas são capazes de, em doses elevadas, além dos efeitos no corpo, alterarem as funções psíquicas.

 

Efeitos no cérebro

Os anticolinérgicos, tanto de origem vegetal como os sintetizados em laboratório, atuam principalmente produzindo delírios e alucinações. São comuns as descrições pelas pessoas intoxicadas de se sentirem perseguidas, de verem pessoas e bichos etc. Esses delírios e alucinações dependem bastante da personalidade do indivíduo e de sua condição; assim, nas descrições de usuários dessas drogas, encontram-se relatos de visões de santos, animais, estrelas, fantasmas, entre outras imagens.

Os efeitos são bastante intensos, podendo ter duração de 2 a 3 dias. Apesar disso, o uso de medicamentos anticolinérgicos (com controle médico) é muito útil no tratamento de várias doenças (Parkinson, diarreia, etc.).

 

Efeitos sobre outras partes do corpo

As drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos periféricos além dos provocados no sistema nervoso central. Assim, as pupilas ficam dilatadas, a boca seca e o coração pode disparar. Os intestinos ficam paralisados – tanto que eles são usados medicamente como antidiarreicos, e a bexiga fica “preguiçosa” ou há retenção de urina.

 

Efeitos Tóxicos

Os anticolinérgicos podem produzir, em doses elevadas, grande elevação da temperatura, podendo chegar até 40 ou 41ºC. Nesses casos, felizmente não muito comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente, com vermelhidão principalmente no rosto e no pescoço. Essa temperatura elevada pode provocar convulsões (“ataques”) e são, por isso, bastante perigosas. Existem pessoas também que descrevem ter “engolido a língua” e quase se sufocarem por causa disso. Ainda, em casos de dosagens elevadas, o número de batimentos do coração sobe exageradamente, podendo ultrapassar 150 batimentos por minuto.

 

Aspectos Gerais

Essas drogas não desenvolvem tolerância (necessidade de aumento de dose para sentir os mesmos efeitos iniciais) no organismo e não há descrição de síndrome de abstinência, ou seja, quando a pessoa para de usar abruptamente essas substâncias, não apresenta reações desagradáveis.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. 5ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo CEBRID, 2011.

Definição e Histórico

Sedativo é o nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a atividade do cérebro, principalmente quando este está em estado de excitação acima do normal. Quando um sedativo é capaz de diminuir a dor, recebe o nome de analgésico. Já quando o sedativo é capaz de afastar a insônia, produzindo o sono, é chamado de hipnótico ou sonífero. E quando um calmante tem o poder de atuar mais sobre estados exagerados de ansiedade, é denominado de ansiolítico. Finalmente, existem algumas dessas drogas capazes de acalmar o cérebro hiperexcitado dos epilépticos. São as drogas antiepilépticas, capazes de prevenir as convulsões desses doentes.

Essas drogas foram descobertas no começo do século XX, e diz a história que o químico europeu que fez a síntese de uma delas pela primeira vez – grande descoberta – foi comemorar em um bar. E, lá, encantou-se com uma garçonete, linda moça que se chamava Bárbara. Em um acesso de entusiasmo, o cientista resolveu dar ao composto recém-descoberto o nome de barbitúrico.

Estante com amostras de Calmantes e Sedativos

 

Efeitos no cérebro

Os barbitúricos são capazes de deprimir várias áreas do cérebro, como consequência, as pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas, com sensação de calma e relaxamento. As capacidades de raciocínio e de concentração ficam também afetadas.

Com doses um pouco maiores que as recomendadas pelos médicos, a pessoa começa a sentir-se como que embriagada (sensação mais ou menos semelhante à de tomar bebidas alcoólicas em excesso): a fala fica “pastosa” e a pessoa pode sentir-se com dificuldade para andar.

Os efeitos anteriormente descritos deixam claro que quem usa esses barbitúricos tem a atenção e as faculdades psicomotoras prejudicadas, assim, fica perigoso operar máquinas, dirigir automóveis, etc.

 

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os barbitúricos são quase exclusivamente de ação central (cerebral), isto é, não agem nos demais órgãos. Assim, a respiração, o coração e a pressão do sangue só são afetados quando o barbitúrico, em dose excessiva, age nas áreas do cérebro que comandam as funções desses órgãos.

 

Efeitos tóxicos

Essas drogas são perigosas porque a dose que começa a intoxicar está próxima da que produz os efeitos terapêuticos desejáveis. Com essas doses tóxicas, começa a surgir sinais de incoordenação motora, um estado de inconsciência começa a tomar conta da pessoa, ela passa a ter dificuldade para se movimentar, o sono fica muito pesado e, por fim, pode entrar em estado de coma. A pessoa não responde a nada, a pressão do sangue fica muito baixa e a respiração é tão lenta que pode parar. A morte ocorre exatamente por parada respiratória. É muito importante saber que esses efeitos tóxicos ficam muito mais intensos se ela ingerir álcool ou outras drogas sedativas (ou depressoras do Sistema Nervoso Central).

Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso dessas substâncias por mulheres grávidas. Essas drogas têm potencial teratogênico (pode causar má formação fetal), além de provocarem sinais de abstinência (como dificuldades respiratórias, irritabilidade, distúrbios do sono e dificuldade de alimentação) em recém-nascidos de mães que fizeram uso durante a gravidez.

 

Aspectos Gerais

De acordo com Figlie, Bordin e Laranjeira (2004, p.131) quanto mais rápido for o efeito da droga, mais rapidamente atinge também o cérebro, e quanto mais rápido a droga deixar o corpo (ou seja, for eliminada) maior será a probabilidade de causar dependência.

Existem muitas evidências de que os barbitúricos levam as pessoas a um estado de dependência com o tempo, a dose tem também de ser aumentada, ou seja, há desenvolvimento de tolerância. Esses fenômenos se desenvolvem com maior rapidez quando doses grandes são usadas desde o início. Quando a pessoa está dependente dos barbitúricos e deixa de tomá-los, passa a ter a síndrome de abstinência, cujos sintomas vão desde insônia, irritação, agressividade, delírios, ansiedade, angústia, até convulsões generalizadas. A síndrome de abstinência requer obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização, pois há risco de morte.

 

Situação no Brasil

Os barbitúricos eram usados de maneira irresponsável no Brasil. Vários remédios para dor de cabeça, além da aspirina, continham também um barbitúrico. Assim, os antigos como Cibalena®, Veramon®, Optalidom®, Fiorinal® etc. tinham o butabarbital ou secobarbital (dois tipos de barbitúricos) em suas fórmulas. O uso abusivo que se registrou, muita gente usando grandes quantidades, repetidamente de medicamentos, como o Optalidon® e o Fiorinal®, levou os laboratórios farmacêuticos a modificarem suas fórmulas, retirando os barbitúricos de sua composição.

Hoje em dia existem apenas alguns produtos, usados como sedativos hipnóticos, que ainda apresentam o barbitúrico butabarbital. Por outro lado, o fenobarbital é bastante usado no Brasil (e no mundo), pois é um ótimo remédio para os epilépticos. Um outro barbitúrico, o tiopental, é usado por via endovenosa, por anestesistas, em cirurgias.

A legislação brasileira exige que todos os medicamentos que contenham barbitúricos em suas fórmulas sejam vendidos nas farmácias somente com a receita do médico, para posterior controle pelas autoridades sanitárias.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. 5ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo CEBRID, 2011.

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

Primeiramente sintetizada por Alexander Shulgin (EUA), em 1967, a DOB (2,5-dimetoxi-4-bromoanfetamina) é uma substância sintética derivada do grupo das anfetaminas, ou seja, estimulantes do sistema nervoso central. Porém, é acrescentado nessa droga, um átomo de bromo, composto esse que leva mais tempo para ser metabolizado pelo organismo, fazendo com que seus efeitos no indivíduo sejam mais duradouros.

A droga também é conhecida como “cápsula do vento” devido a sua aparência comercial, constituída de uma cápsula transparente, ou, “cápsula do medo” por conta de todos os efeitos e alterações produzidos no organismo, como o medo e pavor intensos.

Essa substância tem um início de ação a partir de 6h, o que faz com que alguns usuários acabem ingerindo mais de uma cápsula, prática essa, que leva a morte, uma vez que uma cápsula já é muito próxima ao letal.

Seus efeitos pode durar 30h, e as consequências de seu consumo podem ser desastrosas já que alguns relatos apontam a perda da sensibilidade à dor e a “perda do medo”, fazendo com que o sujeito se exponha a inúmeras situações de risco. Em altas doses o DOB produz uma perda de memória, acessos irracionais de violência e um risco de automutilação.

Amostra de cápsula do medo

 

Efeitos

  • Alucinações
  • Pavor e Medo intensos
  • Confusão mental
  • Náuseas e vômitos
  • Agressividade e violência

 

Referências

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Capacitação Técnica sobre Drogas. Curitiba – CAPE/DENARC.

A cocaína é um alcaloide extraído das folhas da Erytroxylom coca, ou por síntese da ecgonina ou seus derivados, é também conhecida como coca ou epadu, este último nome foi dado por índios brasileiros.

Das primeiras fases da extração de cocaína é obtida a pasta de coca que é um produto grosseiro, obtido das primeiras fases de extração de cocaína das folhas da planta quando estas são tratadas com álcali, solvente orgânico como querosene ou gasolina e ácido sulfúrico, etc. Essa pasta contém muitas impurezas tóxicas e é fumada em cigarros chamados “basukos”.

Também sob a forma base, a merla (mela, mel ou melado), um produto ainda sem refino e muito contaminado com as substâncias utilizadas na extração, é preparada de forma diferente do crack, mas também é fumada.

A cocaína é vendida na forma de um pó branco e muito fino, solúvel em água, cuja pureza varia de 5 a 50%, podem ser misturadas substâncias com talco, amido de milho, açúcar, etc.

A cocaína é considerada uma droga de alto custo, pode ser usada de diferentes formas: ingerida, ser aspirada (“cafungada”) ou dissolvido em água para uso intravenoso (“pelos canos”, “baque”).

Amostra de cocaína

 

Algumas complicações de saúde estão comumente associados à cocaína:

Pelo uso inalado podem ocorrer

  • Perda da sensibilidade olfativa,
  • Atrofia da mucosa,
  • Rinite crônica e
  • Perfuração do septo nasal,
  • Possibilidade de lesão pulmonar com diminuição da capacidade de oxigenação no sangue, por fibrose intersticial.

 

Pelo uso endovenoso podem conter substâncias adicionais (impurezas), que durante a injeção podem causar

  • Reações alérgicas, de gravidade variável, indo deste um simples “rash cutâneo” (pele avermelhada e irritada) até a morte,
  • Podem também ocorrer fibrose pulmonar,
  • Embolia e
  • Reações de irritação local.

 

Também doenças infecciosas causadas por contaminação durante a aplicação da injeção

  • Abscessos de pele e músculos,
  • Endocardites bacterianas,
  • Infecções pulmonares,
  • Hepatites virais,
  • Doença de Chagas,
  • Sífilis,
  • Septicemias e
  • Vírus HIV.

 

Principais efeitos

  • Sensação de euforia
  • Ideias de grandiosidade
  • Paranoia
  • Aumento da atenção para estímulos externos
  • Prejuízo na capacidade de avaliação e julgamento da realidade
  • Hiperatividade
  • Insônia
  • Falta de apetite
  • Perda da sensação de cansaço
  • Pupilas dilatadas
  • Taquicardia, boca seca
  • Reflexos aumentados
  • Temperatura elevada e sudorese

Alguns usuários de cocaína relatam a necessidade de aumentar a dose para sentir os mesmos efeitos iniciais de euforia, ou seja, a cocaína induz a tolerância. É como se o cérebro se “acomodasse” àquela quantidade de droga, necessitando de uma dose maior para produzir os mesmos efeitos iniciais. Porém, paralelamente a esse fenômeno, os usuários de cocaína também desenvolvem sensibilização, ou seja, seu cérebro está sensibilizado para os efeitos desagradáveis, ocorrendo como consequência do aumento da dose, uma intensificação de efeitos indesejáveis, como paranoia, agressividade, desconfiança, etc. Pode ocorrer grande “fissura”, forte desejo de usar novamente a droga para sentir seus efeitos.

A tendência do usuário é aumentar a dose da droga na tentativa de sentir efeitos mais intensos. Porém, essas quantidades maiores acabam por levar o usuário a comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento de paranoia (chamada entre eles de “nóia”). Esse efeito provoca um grande medo nos usuários de cocaína e crack, que passam a vigiar o local onde usam a droga e a ter uma grande desconfiança uns dos outros, o que acaba levando-os a situações extremas de agressividade.

Eventualmente, podem ter alucinações e delírios. A esse conjunto de sintomas dá-se o nome de “psicose cocaínica”. Além dos sintomas descritos, o usuário de crack ou merla perde de forma muito marcante o interesse sexual.

Mas para a angústia do usuário os efeitos produzidos com pouca quantidade de droga são exatamente aqueles considerados desagradáveis, como, por exemplo, a paranoia. Não há descrição convincente de uma síndrome de abstinência quando a pessoa para de usar cocaína abruptamente: não sente dores pelo corpo, cólicas, náuseas etc.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. São Paulo CEBRID, 2007

DE PAULA, Kramer. Wilson. Drogas e Dependência Química Noções Elementares. Florianópolis 2001.

Através de alterações na estrutura da cocaína (água do cloridrato), obteve-se uma forma cristalina de cocaína, conhecida como ‘‘crack’’ ou ‘‘rock’’ (pedra). O termo crack deriva do som destas pedras quando queimam. O crack é uma droga de ação mais rápida e mais poderosa que a cocaína comum. Pode provocar dependência em menos de um mês e pode matar em menos de um ano.

 

Uso e generalidades

O crack é fumado, alcança o pulmão, que é um órgão intensivamente vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção instantânea. Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação, chegando rapidamente ao cérebro. Com isso, pela via pulmonar, o crack e a merla “encurtam” o caminho para chegar ao cérebro, surgindo os efeitos muito mais rapidamente do que por outras vias. Essa característica faz do crack uma droga “poderosa” do ponto de vista dos seus potenciais de abuso.

Amostra de crack

 

Principais Efeitos

  • Agitação ou depressão
  • Anorexia ou Fome
  • Compulsão
  • Fadiga
  • Depressão
  • Insônia ou Sonolência

 

Referências

BRASIL - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. São Paulo CEBRID, 2007

DE PAULA, Kramer. Wilson. Drogas e Dependência Química Noções Elementares. Florianópolis 2001.

Definição e histórico

A MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) foi sintetizada em 1912 e patenteada em 1914 na Alemanha pela empresa farmacêutica Merck. O propósito dessa síntese era desenvolver um medicamento para diminuir o apetite, no entanto, em função de sua baixa utilidade clínica, os estudos com essa substância foram abandonados.

No final da década de 1970, a utilidade clínica da MDMA voltou a ser discutida, agora como um possível auxiliar do processo psicoterapêutico. Alguns psiquiatras e psicólogos acreditavam que a substância deixava a pessoa mais solta, promovendo assim uma melhor comunicação e vínculo terapeuta–paciente.

Paralelamente, começou a crescer nos Estados Unidos o uso recreativo da droga, chamada agora de êxtase, principalmente entre jovens universitários. Temendo o surgimento de uma nova “era psicodélica” no país, os Estados Unidos decidiram, em 1985, incluir a MDMA na lista das substâncias proibidas. Essa medida logo foi seguida pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a qual passou a considerar a MDMA como droga de restrição internacional.

No fim dos anos 80, surgiu em Ibiza, na Espanha, a cena musical e cultural que deu origem à cultura clubber ou dance. Associado a esse novo conceito musical, o êxtase começou a ser difundido na Europa, crescendo ao longo da década de 1990, com a popularização da música eletrônica e da cultura dance.

Amostra de ecxtase

 

No Brasil, no início dos anos 90 começaram a chegar às primeiras remessas consideráveis de êxtase vindas da Europa. A partir daí, tem crescido o número de usuários, bem como a importância dada pelos meios de comunicação ao assunto.

 

Características Gerais da MDMA

A MDMA é uma droga classificada como perturbadora que tem atividade estimulante e alucinógena, os efeitos podem durar até 8 horas, e logo após a ingestão se distribui amplamente pelo organismo. Chegando ao cérebro, a metabolização da droga é realizada principalmente no fígado e sua eliminação ocorre através da urina, sendo concluída após aproximadamente dois dias.

 

Efeitos físicos e psíquicos

A droga apresenta efeitos semelhantes aos estimulantes do sistema nervoso central (agitação), bem como efeitos perturbadores (distorção da realidade). Os efeitos da MDMA causam a falsa sensação de excitação, assim como, a melhora na percepção musical e aumento da percepção das cores.

 

O ecstasy causa também

  • Diminuição do apetite,
  • Dilatação das pupilas,
  • Aceleração do batimento cardíaco,
  • Aumento da temperatura do corpo (hipertermia),
  • Rangido de dentes e
  • Aumento na secreção do hormônio antidiurético.

Os efeitos residuais são aqueles que perduram dias após o uso de uma droga. Muitos usuários relatam ter um episódio depressivo nos dias após o uso do ecxtase, o que é chamada de depressão de meio de semana. Assim como, fadiga e insônia também são comuns.

 

Complicações decorrentes do uso

O uso de ecxtase é geralmente seguido de um grande esforço físico, devido a agitação psicomotora. A associação desses fatores tende a aumentar consideravelmente a temperatura corporal, a qual pode atingir 42ºC e, inclusive, ser mortal.

Uma das complicações mais curiosas, no entanto, é a da intoxicação por água. Com o aumento da temperatura do corpo, a ingestão de água torna-se uma necessidade, porém isso acontece de forma excessiva, e assim, a água pode começar a se acumular no organismo, uma vez que o organismo não consegue metabolizar todo o líquido ingerido, o que dificulta a eliminação dos líquidos do corpo e aumenta a liberação do hormônio antidiurético. Dessa forma, a ingestão excessiva de água pode se tornar perigosa, inclusive fatal.

O ecxtase também pode causar disfunção do sistema imunológico, sendo esse quadro agravado quando há associação dessa substância com o álcool. Há também um significativo ranger de dentes, quadro que é mais acentuado nos dentes posteriores e pode inclusive persistir após o uso da droga. As pessoas que fazem o uso do êxtase podem começar a apresentar problemas no funcionamento do fígado, apresentando icterícia (pele amarelada), assim como, problemas cognitivos na aprendizagem, memória e atenção. O ecxtase pode desencadear problemas psiquiátricos, como quadros de esquizofrenia, pânico (estados de alerta intenso, com medo e agitação) e depressão. Esses problemas têm maior ou menor probabilidade de ocorrer, dependendo das características da pessoa, do momento de sua vida, da frequência e do contexto de uso.

O consumo do ecxtase parece estar principalmente associado à música eletrônica e a um contexto de festa e dança, e mais restrito aos jovens de classes sociais privilegiadas (alta e média-alta). Com o aumento do consumo, tem crescido também o número de apreensões da droga pela polícia, bem como os registros de mortes associadas ao consumo de êxtase no Brasil.

 

Referências

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

LARANJEIRA, Ronaldo. Prefácio. PINSKY, Ilana; BESSA, Marco Antônio (Orgs). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, 2004.

TIBA, Içami. Juventude & drogas: anjos caídos. São Paulo: Integrare Editora, 2007.

O ácido gama hidroxibutirato (GHB), foi sintetizado nos anos 60, para ser utilizado como anestésico, mas seu uso para tal foi abandonado, devido aos seus efeitos colaterais. Nos anos 80 e 90 foi redescoberto como indutor do sono de uso não-médico e como uma droga de abuso. Posteriormente foi usado como estimulador do crescimento muscular, efeito que não foi comprovado.

O GHB foi apelidada de “droga da violação”, devido aos seus efeitos, também podendo ser considerada como uma droga de auxílio em abusos sexuais e violações, porque através da sua ação sedativa, deixa as vítimas com total incapacidade de perceberem o que se passa e, consequentemente, de se defenderem (verifica-se uma certa paralisia física e mental).

 

Amostra de GHB

 

A droga é comercializada no estado liquido, incolor, inodora e de sabor levemente salgado e é consumido por via oral. Seu consumo também é feito misturado a bebidas alcoólicas, o que torna o uso extremamente perigoso, pois o etanol potencializa os efeitos depressores do GHB. O início dos efeitos acontece de 10 a 30 minutos e podem durar de 2 a 5 horas.

 

Efeitos

  • Perda da coordenação motora
  • Tonturas
  • Náuseas e vômitos
  • Intoxicação
  • Coma

 

Referências

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Capacitação Técnica sobre Drogas. Curitiba – CAPE/DENARC

Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) Programa Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein. Acesso em 29/10/2014.

Site Anti Drogas (http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=121&msg=GHB:%20mais%20uma%20surpreendente%20droga). Acesso em 29/10/2014.

A mentanfetamina é uma poderosa droga, com elevado potencial para abuso, pois está disponível em várias formas, pode ser feita em laboratórios clandestinos, são substâncias relacionadas quimicamente com as anfetaminas e afetam dramaticamente o sistema nervoso central.

 

Apresentação e uso

É apresentada geralmente como um pó transparente, cristalino, com gosto amargo e é facilmente solúvel em água ou álcool. A metanfetamina pode ser usada de várias formas: fumada como o crack, cheirada como a cocaína, injetada ou ingerida. (algumas vezes inadvertidamente colocada dentro da bebida).

 

Efeitos

  • O usuário desta droga pode ficar sob efeito por 4 à 8 horas.
  • Euforia inicial
  • Estado de alerta
  • Movimentos repetitivos
  • Paranoia
  • Os usuários de metanfetamina relatam anorexia, ansiedade crônica e etc
  • O uso de metanfetaminas está claramente ligado a uma diminuição das capacidades de concentração, aprendizado e memória.

 

Referências

CAPE/DENARC. Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação – Divisão Estadual de Narcóticos. Capacitação Técnica sobre Drogas. A melhor arma na luta contra as drogas é a informação. Curitiba, PR.

Definição e Generalidades

O LSD ou LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico) é um perturbador sintético, são substâncias fabricadas em laboratório e seus efeitos são capazes de provocar alucinação e delírio,  variando de acordo com o organismo do usuário e o ambiente que está inserido, podendo ocorrer “viagens' horripilantes”. Segundo Dalgalarrondo (2000), 'o delírio se caracteriza pela fantasia do objeto real, enquanto na alucinação o sujeito fantasia algo que não existe', ou seja, o delírio é uma distorção da realidade e a alucinação é fruto da imaginação.

Sendo que, os delírios causados pelo LSD geralmente são de natureza persecutória ou de grandiosidade.

O LSD-25 é uma das mais potentes drogas alucinógenas existentes, utilizado habitualmente por via oral, embora possa ser misturado ocasionalmente com tabaco e fumado.

O efeito alucinógeno do LSD-25 foi descoberto em 1943 pelo cientista suíço Albert Hoffman, por acaso, ao aspirar uma pequena quantidade de pó, por descuido, em seu laboratório.

Posteriormente, Hoffman descreveu: “os objetos e o aspecto dos meus colegas de laboratório pareciam sofrer mudanças ópticas. Não conseguindo me concentrar em meu trabalho, num estado de sonambolismo, fui para casa, onde uma vontade irresistível de me deitar apoderou-se de mim. Fechei as cortinas do quarto e imediatamente caí em um estado mental peculiar, semelhante à embriaguez, mas caracterizado por imaginação exagerada. Com os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade e coloração surgiram diante de meus olhos”. Seu relato detalhado das experiências alucinatórias levou cientistas a desenvolverem pesquisas extensas sobre essa classe de substâncias, culminando, nas décadas de 1950 e 1960, com seu uso psiquiátrico, embora com resultados pouco satisfatórios.

Frequentemente se tem notícias acerca do consumo de LSD no Brasil, droga comumente utilizada por jovens de todas as classes sociais. Portanto, frequentemente a polícia apreende drogas trazidas do Exterior ou dos países da América Latina. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não reconhece nenhum uso do LSD-25 (e de outros alucinógenos) e proíbe totalmente sua produção, comércio e utilização em território nacional.

 

Seus efeitos ocorrem em três fases:

  • somática,
  • sensorial e
  • psíquica.

Ou seja, o LSD-25 atua produzindo uma série de perturbações e distorções no funcionamento do sistema nervoso central, trazendo como consequência uma variada gama de alterações psíquicas.

A experiência subjetiva com o LSD-25 e outros alucinógenos depende do aparato físico, orgânico e psicológico do usuário, de suas expectativas quanto ao uso da droga e do ambiente onde esta é ingerida. Alguns indivíduos experimentam um estado de excitação e euforia, mas com frequência podem envolver confusão mental, reações agudas de pânico ou estados psicóticos, episódios de depressão, alucinações e delírios assustadores, além de sinestesias, ou seja, sons são vistos e objetos são ouvidos.

 

Efeitos

Os efeitos começam entre 30 a 90 minutos após a ingestão e podem durar de 6 a 12 horas.

Os efeitos ocorrem da seguinte forma:

  • Aceleração do batimento cardíaco
  • Aumento da pulsação
  • Midríase (dilatação das pupilas)
  • Sudorese acentuada
  • Convulsão em alguns casos e um grau de excitação.
  • Perturbação Psíquica quando usado em doses muito altas
  • Há perda da habilidade de perceber e avaliar situações comuns de perigo. Isso ocorre, por exemplo, quando a pessoa com delírio de grandiosidade se julga com capacidade ou força extraordinária, sendo capaz de, por exemplo, voar, atirando-se de janelas.

Em alguns casos, as pessoas sob efeito do LSD podem se tornar agressivas devido aos delírios persecutórios, e paranoia, sendo que em alguns casos são desencadeados transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia.

Ainda no campo dos efeitos tóxicos, há também descrições de pessoas que, após tomarem o LSD-25, passaram a apresentar por longos períodos de ansiedade generalizada, depressão ou mesmo acessos psicóticos. Outro possível problema é a ocorrência do efeito flashback, ou seja, semanas ou meses após o uso, o indivíduo volta a experimentar, repentinamente, todos os efeitos psíquicos da experiência anterior, sem que tenha tornado a utilizar a droga.

Amostra LSD
Amostra LSD

 

Referências

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 2000. 272 p

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

LARANJEIRA, Ronaldo. Prefácio. PINSKY, Ilana; BESSA, Marco Antônio (Orgs). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, 2004.

TIBA, Içami. Juventude & drogas: anjos caídos. São Paulo: Integrare Editora, 2007.

Definições e Generalidades

Maconha é o nome da droga extraída da planta Cannabis sativa, que tem como princípio ativo o tetra-hidrocanabinol (THC), sendo o principal responsável pelos efeitos desta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Essa variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta e de fato, ninguém é igual a ninguém! Assim, a dose de maconha insuficiente para um pode produzir efeito nítido em outro e até forte intoxicação em um terceiro.

Esta droga pode ser fumada, ingerida e, raramente, injetada. A maconha foi usada como medicamento nos mais remotos tempos, fazendo parte dos espécimes do herbário do Império chinês. Entre os muçulmanos, seu uso como medicamento, foi bastante difundido. O uso medicinal da maconha também aconteceu nos Estados Unidos, sendo praticamente abolido na virada do século XX. Atualmente o uso de alguns dos princípios ativos da maconha, como medicamento, começa a ser rediscutido, pois várias outras substâncias que não têm efeitos alucinogênicos foram identificadas e parecem ser úteis ao tratamento de algumas doenças, como glaucoma e epilepsia.

O cigarro de maconha é feito de folhas secas, talos, brotos, flores e sementes da planta. Apenas a planta fêmea interessa, pois ela é que produz a espiga e a semente. Em um cigarro médio encontra-se 2,5 - 5,0 mg do THC mais ativo.

A maconha apresenta vários sinônimos: liamba, aliamba, diamba, riamba, bengue, birra, dirigio, dirijo, erva, fumo de angola, mato, pango, pito de pango, soruma, manga rosa, rafi, gongo, fuma bravo, maricas, mariguana, marigonga, maruamba, marijuana, namba, cheio, fêmea, jererê, fumo de caboclo ou fumo brabo, lombra, cagonha, ganja e calunda.

Amostra da planta maconha

 

Amostra de maconha
 

Efeitos

Alguns dos efeitos que o usuário de maconha pode apresentar são:

  • Relaxamento e sonolência;
  • Euforia;
  • Confusão mental;
  • Distorção do tempo e do espaço: (alterações importantes para quem vai executar tarefas que exigem uma boa noção de tempo e espaço como, por exemplo, dirigir);
  • Aumento da frequência cardíaca;
  • Intensa fome;
  • Vermelhidão nos olhos;
  • Boca seca;
  • Sensibilidade à dor praticamente neutralizada;
  • Hipersensibilidade a estímulos sensoriais;
  • Delírio: Manifestação mental, através do pensamento, na qual a pessoa faz um juízo errôneo da realidade, por exemplo: sob ação da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga ser a polícia e que vem prendê-la; ou vê duas pessoas conversando e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo tramando um atentado contra ela
  • Alucinação: É uma percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou ver duas pessoas conversando quando não existe nem sirene nem pessoas. As alucinações podem também ter fundo eufórico ou terrificante.

O uso constante pode ocasionar: apatia, alteração do nível de testosterona circulante (diminuição no número de espermatozoides, efeito reversível com abstinência), prejuízo na memória e consequente interferência na capacidade de aprendizagem, diminuição da resistência à infecções, alterações do pensamento e sentimentos de estranheza.

 

Referências

BRASIL - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. São Paulo CEBRID, 2007

DE PAULA, Kramer. Wilson. Drogas e Dependência Química Noções Elementares. Florianópolis 2001.

A junção das folhas da planta Erythroxylon coca conhecida como coca ou epadú, com alguns solventes como ácido sulfúrico, querosene, cal virgem, entre outras substâncias é chamada de merla, a consistência desta droga é pastosa, de cor amarelada pálido, assim que vai envelhecendo fica mais escura, a concentração varia de 40 a 70% de cocaína.

Está presente nas regiões central e norte do Brasil.

 

Formas de uso

A droga pode ser fumada pura e/ou misturada ao tabaco comum ou com a maconha, também conhecida como bazuca.

 

Consequências do uso

Trata-se de uma droga com grande nível de periculosidade, pois causa dependência tanto física quanto psíquica, além de provocar danos muitas vezes irreversíveis ao organismo. Seus efeitos iniciam-se 10 segundos após o uso e duram cerca de 10 minutos.

 

Efeitos

  • Euforia inicial
  • Diminuição de fadiga, do sono e apetite
  • Perda de peso
  • Psicose Tóxica (alucinações, delírios, confusão mental)
  • Os usuários podem apesentar casos de fibrose (endurecimento pulmonar), devido aos resíduos dos ácidos solventes.
  • Podem ocorrer convulsões e perda da consciência.
  • Podendo ocasionar a morte por parada cardíaca ou respiratória.

 

Referências

CAPE/DENARC. Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação – Divisão Estadual de Narcóticos. Capacitação Técnica sobre Drogas. A melhor arma na luta contra as drogas é a informação. Curitiba, PR.

MARTINEZ, Marina. Merla- Efeitos da droga. www.infoescola.com/drogas/merla/ Acesso em 29/10/2014

Definição e histórico

Ópio: Papoula do Oriente, Opiáceos e Opioides

Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas de uma planta chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome de “Papoula do Oriente”. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio em grego quer dizer “suco”). Quando seco, esse suco passa a se chamar pó de ópio. Nele existem várias substâncias com grande atividade.

O ópio tem ação depressora do sistema nervoso central, dessa substância natural se obtém a morfina, que é muito utilizada em casos terminais de câncer e a codeína utilizada em alguns xaropes. Ainda é possível obter-se outra substância, a heroína, ao se fazer pequena modificação química na fórmula da morfina. A heroína é, então, uma substância semissintética (ou seminatural).

Amostra de ópio

 

Todas essas substâncias são chamadas de drogas opiáceas ou simplesmente opiáceos, ou seja, oriundas do ópio, que, por sua vez, podem ser opiáceos naturais quando não sofrem nenhuma modificação (morfina, codeína) ou opiáceos semissintéticos quando resultantes de modificações parciais das substâncias naturais (como é o caso da heroína).

Mas o ser humano foi capaz de imitar a natureza fabricando em laboratórios várias substâncias com ação semelhante à dos opiáceos: a meperidina, a oxicodona, o propoxifeno e a metadona são alguns exemplos. Essas substâncias totalmente sintéticas são chamadas de opioides (isto é, semelhantes aos opiáceos). Todas são colocadas em comprimidos ou ampolas, tornando-se, então, medicamentos.

 

Efeitos do uso farmacológico e abusivo

Todas as drogas tipo opiáceo ou opioide têm basicamente os mesmos efeitos no sistema nervoso central: diminuem sua atividade. As diferenças ocorrem mais em sentido quantitativo, isto é, são mais ou menos eficientes em produzir os mesmos efeitos; tudo fica, então, sendo principalmente uma questão de dose. Assim, essas drogas produzem analgesia e hipnose (aumentam o sono), daí receberam também o nome de narcóticos, que são exatamente as drogas capazes de produzir dois efeitos: sono e diminuição da dor.

Recebem também, por isso, o nome de drogas hipnoanalgésicas. Agora, para algumas drogas a dose necessária para esse efeito é pequena, ou seja, são bastante potentes, como, por exemplo, a morfina e a heroína. Outras, por sua vez, necessitam de doses 5 a 10 vezes maiores para produzir os mesmos efeitos, como a codeína e a meperidina.

Figlie, Bordin e Laranjeira (2004) explicam que o nome narcótico era usado para distinguir essas drogas de outros analgésicos que não provocam adormecimento, por exemplo, a aspirina, mas com o passar dos anos o termo narcótico adquiriu novo significado e por isso deixou de ser usado.

De acordo com os autores Figlie, Bordin e Laranjeira (2004) essas drogas (opioides e opiáceos) quando absorvidas no sangue maior parte se concentra nos pulmões, no fígado, no baço e outra parte se liga as proteínas do sangue. Os opioides em geral, são pouco solúveis a gordura, portanto sua penetração no cérebro é lenta. Já a heroína é altamente solúvel em gorduras, portanto é rapidamente absorvida pelo cérebro e em altas quantidades, mas no cérebro a molécula de heroína é inativa, porém é transformada em metabólicos (morfina e monocetilmorfina). Ainda segundo os mesmos autores a codeína também passa pelo mesmo processo que a heroína. Na morfina sua metabolização ocorre rapidamente pelo fígado e seus efeitos duram de 4 a 5 horas.

As pessoas sob ação dos narcóticos apresentam contração acentuada da pupila dos olhos, que às vezes chegam a ficar do tamanho da cabeça de um alfinete. Há também uma paralisia do estômago e o indivíduo sente-se empachado, com o estômago cheio, como se não fosse capaz de fazer a digestão. Os intestinos também ficam paralisados e, como consequência, a pessoa que abusa dessas substâncias geralmente apresenta forte prisão de ventre. É com base nesse efeito que os opiáceos são utilizados para combater as diarreias, ou seja, são usados terapeuticamente como antidiarreicos.

Figlie, Bordin e Laranjeira (2004) explicam que os opioides ativam um grupo de receptores no cérebro que são controlados pela endorfina, assim causando alívio de dores. A endorfina é uma proteína que é lançada no cérebro e na medula espinhal em resposta ao estresse e a dor, funcionam como transmissores e estimulam os receptores do tipo opioide, com a ativação desses receptores ocorre o bloqueio da transmissão da dor, alterando a percepção da pessoa no centro da dor. Por essa razão os opioides são utilizados para tratamentos de dores e também outros tipos de tratamentos como a tosse, a codeína, por exemplo, suprime o centro da tosse no cérebro, reduzindo as reações de tosse.

Mas o uso abusivo dos opioides pode causar alguns efeitos colaterais como:

  • Constipação,
  • Sonolência,
  • Turvação mental,
  • Náuseas,
  • Vômitos,
  • Coceiras,
  • Dificuldade para urinar,
  • Contração da pupila entre outros efeitos.

Os narcóticos usados por meio de injeções, ou em doses maiores por via oral, podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. A pessoa perde a consciência e fica com uma cor meio azulada porque a respiração muito fraca quase não oxigena mais o sangue e a pressão arterial cai a ponto de o sangue não mais circular normalmente: é o estado de coma que, se não tiver o atendimento necessário, pode levar à morte. Literalmente, centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo ano na Europa e nos Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. Além disso, como muitas vezes esse uso é feito por injeção, com frequência os dependentes acabam também por adquirir infecções como hepatites e o vírus do HIV. Aqui no Brasil, uma dessas drogas foi utilizada com alguma frequência por injeção venosa: é o propoxifeno (principalmente o Algafan®). Acontece que essa substância é muito irritante para as veias, que se inflamam e chegam a ficar obstruídas. Houve muitos casos de pessoas com sérios problemas de circulação nos braços por causa disso. Houve mesmo descrição de amputação desse membro devido ao uso crônico de Algafan®.

Outro problema com essas drogas é a facilidade com que levam à dependência, tornando-se o centro da vida das vítimas. E quando esses dependentes, por qualquer motivo, param de tomar a droga, ocorre um violento e doloroso processo de abstinência, com náuseas e vômitos, diarreias, cãibras musculares, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal etc., que podem durar de 8 à 12 dias. Além disso, o organismo humano torna-se tolerante a todas essas drogas.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. 5ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo CEBRID, 2011.

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

Os primeiros relatos de consumo do oxi foram registrados no Norte do Brasil, mas nos últimos anos a droga já foi apreendida em pelo menos 13 Estados do país.

Há relatos de que o uso do oxi começou a entrar no país pela fronteira com a Bolívia e Peru, que é o terceiro produtor de cocaína do mundo, em Estados como Acre e Pará há cerca de 10 anos, mas ao que tudo indica, começou a se espalhar pelo país nos últimos sete anos.

Apesar de ter sido apontada como uma nova droga pela mídia, o oxi é considerado por especialistas como uma variação mais barata e tóxica do crack, que combina a pasta base de cocaína com substâncias químicas de fácil acesso.

Sendo assim, o tráfico de uma droga desse tipo é bastante vantajoso ao fornecedor, que logo transforma mais usuários em dependentes, utilizando um produto mais barato e tornando o produto mais acessível, pois costuma ser vendido por um preço duas a cinco vezes menor que o crack.

Amostra de OXI

 

Composição Química e o Uso

O oxi é uma mistura da pasta base de cocaína, fabricada a partir das folhas de coca, com substâncias químicas como querosene, gasolina, cal virgem ou solvente usado em construções. Para transformar a pasta base em oxi é acrescentado, novamente, uma quantidade de solvente e alcalino, o que deixa a droga mais tóxica.

A droga é geralmente consumida numa mistura com o cigarro comum ou com o cigarro de maconha, ou ainda fumada em cachimbos de fabricação caseira, como o crack. O nome oxi, uma abreviação de "óxido" ou "oxidado", vem do fato da droga liberar uma fumaça escura ao ser usada, deixando um resíduo marrom, de cor semelhante ao da ferrugem – oxidação – nos metais.

 

Efeitos

  • Os efeitos iniciam entre 7 a 9 segundos após o uso, característica relevante para o dependente e duram apenas alguns minutos, fazendo com que o sujeito sinta a necessidade de consumir a droga novamente.
  • Angústia
  • Paranoia
  • Lesão na boca (ferimentos nos lábios, mucosa e danificam as papilas gustativas)
  • Corrosão dos dentes
  • Fibrose pulmonar
  • Lesão nos rins e fígado
  • Cirrose hepática
  • Naúseas
  • Diarréia
  • Problemas gastrointestinais
  • Ataque cardíaco
  • Acidente Vascular Cerebral

 

Referências

COSTA, Camila. Entenda o que é o oxi e como a droga se espalhou pelo Brasil. Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=drogas-o-que-e-oxi>. Acesso em: 27/10/14.

Uma droga altamente tóxica perigosa e que causa dependência rapidamente, inicialmente se infiltrou pelas favelas de Buenos Aires – Argentina, depois da devastação provocada pela crise econômica de 2001, e que tem se tornado um problema crescente entre as classes média e alta.

O Paco pode ser conhecido como “Crack Americano”, é uma droga com alto poder de dependência, cuja fabricação é derivada da produção da cocaína. A pasta é obtida através da maceração das folhas de coca, é misturada com ácidos convencionais até fibra de vidro moído (lâmpada fluorescente macerada), com ácido bórico, lidocaína, fermento e solventes, como o querosene, a parafina, benzina ou éter, o que reforça o caráter de dependência rápida e, junto ao efeito intenso, apesar da curta duração de cada dose.

Um dos seus elementos mais nocivos do paco é o ácido bórico, um produto branco, cristalino – já usado como substância altamente corrosiva, provocando intoxicações no organismo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, o ácido bórico é muito tóxico e pode provocar danos ao fígado, cérebro, músculos da face e estômago. Como o paco é altamente agressivo ao organismo, desde o primeiro uso.

Por este motivo, alguns usuários fumam de 20 a 50 cigarros por dia, para alongar o período sob efeito da substância, o que dura cerca de 2 a 10 minutos e a intensidade inicial da droga dura apenas alguns segundos, fazendo com que os músculos do sujeito fiquem tensos, assim o corpo anseia por mais, plugando o usuário num estado profundo de depressão e desespero.

 

Efeitos Físicos

  • Com o uso contínuo da substância o dependente tem um grave comprometimento neurológico irreversível, lesões cerebrais e pulmonares, como também infecções e coágulos no sangue.
  • Perda de reflexos, motricidade, inteligência e memória
  • Pneumonia
  • Enfisema pulmonar
  • Hepatite
  • Infarto
  • Falta de apetite
  • Aspecto de magreza acentuado
  • Fadiga ou cansaço excessivo
  • Dores de cabeça
  • Distúrbios digestivos
  • Insônia

 

Efeitos Psicológicos

  • Os efeitos psicológicos aparecem logo após o uso, o sujeito sente: desinibição e segurança. Contudo, logo que os efeitos cessam o usuário apresenta os seguintes sintomas: angústia, depressão e insegurança. Sentimentos estes que o levam a fazer uso da droga novamente.
  • Alucinação
  • Paranoia
  • Agressividade e irritabilidade
  • Ações psicóticas
  • Euforia e Disforia
  • Perda do interesse sexual
  • Sentimento de culpa, inutilidade e desamparo
  • Pensamentos ou tentativas de suicídio

 

Referências

BARRIONUEVO, Alexei. Cheap Cocaine Floods Argentina, Devouring Lives – New York Times (23.02.2008) www.nytimes.com. Acesso em 27/10/2014.

'PASTA BASE' Destructive but Not Invencible. ipsnews.net. Acesso em 27/10/2014.

ANVISA. Vigilância Sanitária Proíbe Produtos com Ácido Bórico. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. www.anvisa.gov.br. Acesso em 27/10/2014.

A droga 25i-nbome (ou 25i), também chamada de Pandora, é um potente alucinógeno, que apresenta algumas similaridades com o LSD (ácido lisérgico). É consumido em geral, por via sublingual (selos colocados embaixo da língua), também existindo o consumo via nasal. Pode levar até 6h para produzir alterações no organismo, e os efeitos podem durar entre 4h a 10h.

Foi descoberta em 2003 pelo químico Ralf Heim da Universidade de Berlim, mas apenas em 2010 ela tornou-se avaliável ao mercado por vendas online, e em 2011 começou a aparecer cada vez mais nas ruas e festas. A droga é sintetizada na Índia e na China, chegando ao Brasil pela Europa.

Essa substância é nova e foi proibida pela ANVISA recentemente, quando teve seu uso comprovado para fins recreativos e de abuso, assim como outras 21 novas substâncias descobertas.

 

Consequências do Uso

  • Confusão mental
  • Paranoia e medo
  • Convulsão e morte
  • Hipertensão
  • Taquicardia
  • Sensação corporal estranha

 

Referências

PERRUCCI, Thiago. Drogas Despersonalizantes. http://www.smh.com.au/nsw/teen-jumps-to-his-death-after-150-drug-hit-20130606-2nrpe.html Acesso em 29/10/2014.

Definição

Em geral, todo solvente é uma substância altamente volátil, ou seja, evapora-se muito facilmente, por esse motivo pode ser facilmente inalado. Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos deles (mas não todos) são inflamáveis, quer dizer, pegam fogo facilmente. Um número enorme de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas, tíner, propelentes, gasolina, removedores, vernizes etc., contém esses solventes. Os autores Figlie, Bordin e Laranjeira (2004, p.125) explicam que os solventes são divididos em quatro classes: voláteis ou solventes orgânicos, aerossóis, anestésicos e nitratos voláteis.

Amostra de lança perfume
Amostra de cola de sapateiro

 

Uso e Generalidades

Eles podem ser aspirados tanto involuntária (por exemplo, trabalhadores de indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia inteiro expostos ao ar contaminado por essas substâncias) quanto voluntariamente (por exemplo, a criança de rua que cheira cola de sapateiro, o menino que cheira em casa acetona ou esmalte, ou o estudante que cheira o corretivo Carbex® etc.). Todos esses solventes ou inalantes são substâncias pertencentes a um grupo químico chamado de hidrocarbonetos, como o tolueno, xilol, n-hexano, acetato de etila, tricloroetileno etc. Para exemplificar, eis a composição de algumas colas de sapateiro vendidas no Brasil: Cascola® – mistura de tolueno + n-hexano®; Patex Extra® – mistura de tolueno com acetato de etila e aguarrás mineral; Brascoplast® – tolueno com acetato de etila e solvente para borracha. Em 1991, uma fábrica de cola do interior do Estado de São Paulo fez ampla campanha publicitária afirmando que finalmente havia fabricado uma cola de sapateiro “que não era tóxica e não produzia vício”, porque não continha tolueno. Essa indústria teve um comportamento reprovável, além de criminoso, já que o produto anunciado ainda continha o solvente n-hexano, sabidamente bastante tóxico.

Um produto muito conhecido no Brasil é o “cheirinho” ou “loló”, também conhecido como “cheirinho da loló”. Trata-se de um preparado clandestino (isto é, fabricado de forma ilegal) à base de clorofórmio e éter, utilizado somente para fins de abuso. Assim, em relação ao “cheirinho da loló” não se conhece bem sua composição, o que complica quando se tem casos de intoxicação aguda por essa mistura.

Ainda, é importante chamar a atenção para o lança-perfume. Esse nome designa inicialmente aquele líquido que vem em tubos e que se usa, geralmente, no Carnaval. À base de cloreto de etila ou cloretila, é proibida sua fabricação no Brasil, sendo contrabandeada de outros países sul-americanos. Mas cada vez mais o nome lança-perfume é também utilizado para designar o “cheirinho da loló”.

 

Efeitos no cérebro

O início dos efeitos, após a aspiração, é bastante rápido – de segundos a minutos no máximo – e em 15 a 40 minutos desaparecem; assim, o usuário repete as aspirações várias vezes para que as sensações durem mais tempo. Os efeitos dos solventes vão desde uma estimulação inicial até depressão, podendo também surgir processos alucinatórios.

Vários autores dizem que os efeitos dos solventes lembram os do álcool, entretanto este não produz alucinações, fato bem descrito para os solventes. Entre os efeitos, o predominante é a depressão, principalmente a do funcionamento cerebral. De acordo com o aparecimento desses efeitos, após inalação de solventes, foram divididos em quatro fases:

Primeira fase:
A chamada fase de excitação, que é a desejada, pois a pessoa fica eufórica, aparentemente excitada, sentindo tonturas e tendo perturbações auditivas e visuais. Mas podem também aparecer náuseas, espirros, tosse, muita salivação e as faces podem ficar avermelhadas.

Segunda fase:
A Depressão do cérebro começa a predominar, a pessoa fica confusa, desorientada, com a voz pastosa, visão embaçada, perda do autocontrole, dor de cabeça, palidez, ela começa a ver ou a ouvir coisas.

Terceira fase:
A Depressão aprofunda-se com redução acentuada do estado de alerta, incoordenação ocular (a pessoa não consegue mais fixar os olhos nos objetos), incoordenação motora com marcha vacilante, fala “enrolada”, reflexos deprimidos, podendo ocorrer processos alucinatórios evidentes.

Quarta fase:
Depressão tardia, que pode chegar à inconsciência, queda da pressão, sonhos estranhos, podendo ainda apresentar surtos de convulsões (“ataques”). Essa fase ocorre com frequência entre aqueles usuários que usam saco plástico e, após um certo tempo, já não conseguem afastá-lo do nariz e, assim, a intoxicação torna-se muito perigosa, podendo mesmo levar ao coma e à morte.

Finalmente, sabe-se que a aspiração repetida, crônica, dos solventes pode levar à destruição de neurônios (células cerebrais), causando lesões irreversíveis no cérebro. Além de se apresentarem apáticas, têm dificuldade de concentração e déficit de memória.

 

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os solventes praticamente não agridem outros órgãos, a não ser o cérebro. Entretanto, existe um fenômeno produzido pelos solventes que pode ser muito perigoso. Estes tornam o coração humano mais sensível a uma substância que o nosso corpo fabrica, a adrenalina, que faz o número de batimentos cardíacos aumentarem. Essa adrenalina é liberada toda vez que temos de exercer um esforço extra, como, por exemplo, correr, praticar certos esportes, etc. Assim, se uma pessoa inala um solvente e logo depois faz esforço físico, seu coração pode sofrer, pois ele está muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura médica já cita vários casos de morte por arritmia cardíaca (batidas irregulares do coração), principalmente de adolescentes.

 

Efeitos tóxicos

Os solventes quando inalados cronicamente podem levar a:

  • Lesões da medula óssea,
  • Dos rins,
  • Do fígado e dos nervos periféricos que controlam os músculos.
  • Por exemplo, verificou-se, em outros países, que em fábricas de sapatos ou oficinas de pintura os operários, com o tempo, acabavam por apresentar doenças renais e hepáticas. Em decorrência disso, nesses países passou a vigorar uma rigorosa legislação sobre as condições de ventilação dessas fábricas, e o Brasil também tem leis a respeito.
  • Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza, o benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode levar à diminuição de produção de glóbulos brancos e vermelhos pelo organismo. Um dos solventes bastante usados nas nossas colas é o n-hexano. Essa substância é muito tóxica para os nervos periféricos, produzindo degeneração progressiva, a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas acabam andando com dificuldade, o chamado “andar de pato”), podendo até chegar à paralisia. Há casos de usuários crônicos que, após alguns anos, só podiam se locomover em cadeira de rodas.

 

Aspectos Gerais

A dependência entre aqueles que abusam cronicamente de solventes é comum, sendo os componentes psíquicos da dependência os mais evidentes, tais como desejo de usar a substância, perda de outros interesses que não seja o solvente. A síndrome de abstinência, embora de pouca intensidade, está presente na interrupção abrupta do uso dessa droga, sendo comum ansiedade, agitação, tremores, cãibras nas pernas e insônia. Pode surgir tolerância à substância, embora não tão intensa em relação a outras drogas (como as anfetaminas, que os dependentes passam a tomar doses 50 a 70 vezes maiores que as iniciais). Dependendo da pessoa e do solvente, a tolerância instala-se ao fim de um a dois meses.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. 5ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo CEBRID, 2011.

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

Definição e Generalidades

O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotiana tabacum, da qual é extraída uma substância chamada nicotina. Começou a ser utilizada aproximadamente no ano 1000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágico-religiosos, com o objetivo de purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros, além disso, esses povos acreditavam que essa substância tinha o poder de predizer o futuro. A planta chegou ao Brasil provavelmente pela migração de tribos tupis-guaranis. A partir do século XVI, seu uso foi introduzido na Europa, por Jean Nicot, diplomata francês vindo de Portugal, após ter-lhe cicatrizado uma úlcera na perna, até então incurável.

No início, utilizado com fins curativos, por meio do cachimbo, difundiu-se rapidamente, atingindo Ásia e África no século XVII. No século seguinte, surgiu a moda de aspirar rapé, ao qual foram atribuídas qualidades medicinais, pois a rainha da França, Catarina de Médicis, o utilizava para aliviar suas enxaquecas.

Foto de cigarro aceso

 

No século XIX, surgiu o charuto que veio da Espanha e atingiu toda a Europa, Estados Unidos e demais continentes, sendo utilizado para demonstração de ostentação. Por volta de 1840 a 1850, surgiram as primeiras descrições de homens e mulheres fumando cigarros, porém, somente após a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), seu consumo apresentou grande expansão.

Seu uso espalhou-se por todo o mundo a partir de meados do século XX, com a ajuda de técnicas avançadas de publicidade e marketing que se desenvolveram nessa época. A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatórios científicos que relacionaram o cigarro ao adoecimento do fumante, e hoje existem inúmeros trabalhos comprovando os malefícios do tabagismo à saúde do fumante e do não-fumante exposto à fumaça do cigarro. Hoje, o fumo é cultivado em todas as partes do mundo e é responsável por uma atividade econômica que envolve milhões de dólares. Apesar dos males que o hábito de fumar provoca, a nicotina é uma das drogas mais consumidas no mundo.

O tabaco é apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como problema de saúde pública número um, e a maior causa de morbidade e mortalidade em muitos países. No Brasil, estima-se que mais de 200mil pessoas morram por ano devido ao fumo.

 

Efeitos no cérebro

Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões, chegando ao cérebro aproximadamente em nove segundos, afetando diretamente o sistema nervoso central, causando a elevação leve no humor (estimulação) e diminuição do apetite. A nicotina é considerada um estimulante leve, apesar de um grande número de fumantes relatar sensação de relaxamento quando fumam. Essa sensação é provocada pela diminuição do tônus muscular. O tabaco, quando usado ao longo do tempo, pode provocar o desenvolvimento de tolerância, ou seja, a pessoa precisa consumir um número cada vez maior de cigarros para sentir os mesmos efeitos que, originalmente, eram produzidos por doses menores.

Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros, podem sentir:

  • Fissura (desejo incontrolável de fumar),
  • Irritabilidade,
  • Agitação,
  • Prisão de ventre,
  • Dificuldade de se concentrar e manter atenção,
  • Sudorese,
  • Tontura,
  • Insônia,
  • Inquietação e
  • Dor de cabeça.

Esses sintomas caracterizam a síndrome de abstinência, desaparecendo dentro de uma ou duas semanas.

A tolerância e a síndrome de abstinência são alguns dos sinais que caracterizam o quadro de dependência provocado pelo uso do tabaco. De acordo com Figlie (2004, p. 60), "a síndrome de abstinência é mediada pela noradrenalina e se inicia 8h após o último cigarro, atingindo o auge no terceiro dia".
 

Efeitos sobre outras partes do corpo

A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardíaco, na pressão arterial, na frequência respiratória e na atividade motora. Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina é imediatamente distribuída pelos tecidos. No sistema digestório provoca diminuição da contração do estômago, dificultando a digestão.

 

Efeitos tóxicos

A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, como: nicotina, monóxido de carbono, formol, naftalina, alcatrão, entre outros. O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrência de algumas doenças como por exemplo, pneumonia, câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago etc.), infarto de miocárdio, bronquite crônica, enfisema pulmonar, derrame cerebral, úlcera digestiva e outras. Entre outros efeitos tóxicos provocados pela nicotina, destacam-se ainda, náuseas, dores abdominais, diarreia, vômitos, cefaleia, tontura, braquicardia e fraqueza.

Foto de um pulmão de tabagista

 

Tabaco na Gravidez

Quando a mãe fuma durante a gravidez, “o feto também fuma”, recebendo as substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aborto espontâneo, crescimento fetal defeituoso, nascimento prematuro, morte do neonatal, aumento batimento cardíaco no feto, menor peso corpóreo no recém-nascido, menor estatura e circunferência craniana, além de alterações neurológicas importantes.

 

Tabagismo passivo

Os fumantes não são os únicos expostos à fumaça do cigarro, pois os não-fumantes também são agredidos por ela, tornando-se fumantes passivos. Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os não fumantes próximos ou distantes dos fumantes inalem também as substâncias tóxicas. Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam incidência três vezes maior de infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que filhos de pais não-fumantes.

 

Referências

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Cartilha de prevenção ao uso de drogas para pais. Curitiba: CAPE/DENARC, 2009.

Centro Antitóxicos de Prevenção e Educação/Divisão Estadual de Narcóticos. Cartilha de prevenção ao uso de drogas para professores. Curitiba: CAPE/DENARC, 2009.

FIGLIE, Neliana Buzi. Aconselhamento em Dependência Química. São Paulo: Roca, 2004.

LARANJEIRA, Ronaldo. Prefácio. PINSKY, Ilana; BESSA, Marco Antônio (Orgs). Adolescência e drogas. São Paulo: Contexto, 2004.

Definição

Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase exclusivamente sobre a ansiedade e a tensão. Essas drogas já foram chamadas de tranquilizantes, e atualmente, prefere-se designar esses tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que “destroem” a ansiedade. De fato, esse é o principal efeito terapêutico desses medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia as funções psíquicas e motoras.

Antigamente, o principal agente ansiolítico era uma droga chamada meprobamato, que praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de um importante grupo de substâncias: os benzodiazepínicos. De fato, esses medicamentos estão entre os mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Para se ter ideia, atualmente existem mais de cem remédios em nosso país à base desses benzodiazepínicos. Estes têm nomes químicos que terminam geralmente pelo sufixo pam. Assim, é relativamente fácil a pessoa, quando toma um remédio para acalmar-se, saber o que realmente está tomando: tendo na fórmula uma palavra terminada em pam, é um benzodiazepínico. Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, flurazepam, estalozam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam, etc. Uma das exceções é a substância chamada clordizepóxido, que também é um benzodiazepínico. Por outro lado, essas substâncias são comercializadas pelos laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes “fantasia”, existindo assim dezenas de remédios com nomes diferentes: Noan®, Valium®, Calmociteno®, Dienpax®, Psicosedin®, Frontal®, Frisium®, Kiatrium®, Lexotan®, Lorax®, Urbanil®, Somalium® etc., são apenas alguns dos nomes.

Estante com amostras de Calmantes e Sedativos

 

Efeitos no cérebro

Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos do cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim, quando, devido às tensões do dia a dia ou por causas mais sérias, determinadas áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultando em estado de ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os mecanismos que estavam hiperfuncionantes, e a pessoa fica mais tranquila, como que desligada do meio ambiente e dos estímulos externos.

Como consequência dessa ação, os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do nosso cérebro que se caracteriza por:

  1. diminuição de ansiedade;
  2. indução de sono;
  3. relaxamento muscular;
  4. redução do estado de alerta.

É importante notar que esses efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos são grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura do álcool com essas drogas pode levar ao estado de coma. Além desses efeitos principais, os ansiolíticos dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente, bastante prejudicial para aqueles que habitualmente se utilizam dessas drogas.

Finalmente, é importante ainda lembrar que essas substâncias também prejudicam em parte às funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes.

 

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir, pois têm predileção quase exclusiva pelo cérebro. Dessa maneira, nas doses terapêuticas não produzem efeitos dignos de nota sobre os outros órgãos.

 

Efeitos tóxicos

Do ponto de vista orgânico ou físico, os benzodiazepínicos são drogas bastante seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que as habituais) para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia muscular (“mole”), grande dificuldade para ficar em pé e andar, baixa pressão sanguínea e suscetibilidade a desmaios.

Entretanto, a situação muda muito de figura se o indivíduo, além de ter tomado o benzodiazepínico, também ingeriu bebida alcoólica. Nesses casos, a intoxicação torna-se séria, pois há grande diminuição da atividade cerebral, podendo levar ao estado de coma.

Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso dessas substâncias por mulheres grávidas. Suspeita-se que essas drogas tenham um potencial teratogênico razoável, isto é, podem produzir má formações no feto.

 

Aspectos Gerais

Os benzodiazepínicos, quando usados durante alguns meses seguidos, podem levar as pessoas a um estado de dependência. Como consequência, sem a droga o dependente passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor pelo corpo todo, podendo, em casos extremos, apresentar convulsões. Se a dose tomada já é grande desde o início, a dependência ocorre mais rapidamente ainda. Há também desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito acentuada, isto é, a pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial.

 

Situação no Brasil

Como já foi relatado, existem dezenas de remédios no Brasil à base de ansiolíticos benzodiazepínicos. Até recentemente, era comum médicos, chamados de obesologistas (que tratam das pessoas obesas em busca de tratamento para emagrecer), colocarem nas receitas esses benzodiazepínicos para atenuar o nervosismo produzido pelas drogas que tiram o apetite. Atualmente, a legislação não permite essa mistura. Além disso, há um verdadeiro abuso nas indicações desses medicamentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas consideradas normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana. Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento sobre o uso não médico de drogas psicotrópicas por estudantes nas 27 capitais brasileiras, em 2004, os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência geral, sendo esse uso mais intenso entre meninas do que entre meninos.

Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a farmácia pode vendê-los somente mediante receita especial do médico, que deve ser retida.

 

Referências

BRASIL – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Livreto Informativo Sobre Drogas Psicotrópicas. 5ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo CEBRID, 2011.